Crise/Energia: Combustíveis com “impacto brutal” nas corporações de bombeiros - Federação da Guarda

As corporações de bombeiros da região da Guarda estão a passar um momento “menos bom” e o responsável espera que o Governo “crie qualquer tipo de mecanismo” que ajude o setor.

O presidente da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda (FBDG) disse ontem que os aumentos dos combustíveis têm “impacto brutal” nas corporações e sugere que o Governo crie “qualquer tipo de mecanismo” para ajudar o setor.

Segundo Paulo Amaral, os combustíveis estão a ter aumentos “incomportáveis com os custos inerentes à estrutura e a toda a obrigatoriedade de manutenção” dos veículos das corporações de bombeiros.

O aumento do gasóleo está a ter “custos elevadíssimos” para as associações humanitárias, não só ao nível do transporte de doentes como nas ações de socorro, disse.

“Uma ocorrência de um qualquer sinistro envolve todos os meios operacionais e isso custa. Olha-se muito para o problema do impacto nos transportes dos doentes urgentes e programados, mas [o aumento dos combustíveis] não deixa de se refletir em toda a estrutura”, declarou Paulo Amaral à agência Lusa.

As corporações de bombeiros da região da Guarda estão a passar um momento “menos bom” e o responsável espera que o Governo “crie qualquer tipo de mecanismo” que ajude o setor.

O presidente da FBDG referiu que o Ministério da Administração Interna anunciou recentemente uma transferência de 1.500 euros para cada corporação de bombeiros a título de compensação transitória com encargos com combustíveis, mas a medida “não favorece ninguém”.

“Não é com 1.500 euros que se consegue superar os inúmeros quilómetros que são feitos por todas as associadas”, afirmou, lembrando que, na região, muitas das deslocações são relacionadas com o transporte de doentes para os hospitais de Viseu e de Coimbra.

Questionado sobre se as associações já manifestaram a intenção de diminuírem ou reformularem os serviços prestados, para redução de custos, Paulo Amaral disse que “essas preocupações ainda não chegaram” à Federação de Bombeiros.

As associadas aguardam por “algum fumo branco” para perceberem o que vai acontecer nos próximos meses e “como se comportará o Governo”, adiantou.

Observou, no entanto, que as associações mais pequenas, como têm custos fixos, “se não entrar aquilo que era programado”, o aumento dos gastos em combustíveis “mais dificulta os seus custos mensais”.

O presidente da FBDG também apontou preocupações relacionadas com a proximidade da época de combate aos incêndios florestais, admitindo que o cenário será preocupante “se não houver atualização de preços” na diretiva financeira que vai compensar as associações.

“Haverá, se calhar, algumas associações que poderão ficar com veículos inoperacionais por falta de dinheiro”, vaticina.

Nas declarações à agência Lusa, Paulo Amaral também defendeu que deve ser encarada a possibilidade de os corpos de bombeiros começarem a ser equipados com viaturas elétricas, sobretudo os que estão mais próximos dos hospitais.

“Mas, aí, também teríamos que ver como é que o Estado se quer comportar no sentido de incentivar isso [a aquisição de veículos elétricos] nas associações. Poderá ser uma alternativa. Eu acho que é uma boa alternativa”, rematou.

Nos 14 concelhos do distrito da Guarda existem 23 corporações de bombeiros que são associadas da FBDG, que tem sede no centro histórico da cidade mais alta do país.


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