CICS desenvolve modelo de teste de medicamentos contra o cancro

Elisabete Costa está a criar uma forma de simulação de tumores para facilitar e reduzir os custos na descoberta de novos medicamentos contra vários tipos de tumores.

Uma investigadora do Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS), da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (FCS-UBI), está a trabalhar num instrumento que pode reduzir os custos e a utilização de animais em ensaios pré-clínicos de medicamentos para tratamento do cancro. Elisabete Costa investiga, na reprodução da estrutura dos tumores que afetam os seres humanos, uma tecnologia que permite replicar vários tipos de problemas oncológicos.

“Nos últimos dois anos reproduzimos agregados celulares muito semelhantes aos tumores que ocorrem nos humanos e verificámos que é possível reproduzi-los em larga escala e com um baixo custo”, explica Elisabete Costa, que vai receber uma bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) para prosseguir este trabalho.

De acordo com a investigadora, que é orientada por Ilídio Correia, diretor do Mestrado em Ciências Biomédicas da FCS, foi possível aplicar a técnica a “vários tipos de cancro, como por exemplo, do cólo do útero e da mama, que são dois tipos que afetam largamente a população feminina, quer em Portugal, quer no estrangeiro”.

O processo que está a ser investigado consiste na criação de modelos tridimensionais que mimetizam a estrutura dos tumores e contribuem para avaliar se um medicamento vai atuar na morte das células afetadas. Este método substitui os testes feitos em células cultivadas em duas dimensões, que não são reproduções fiéis das caraterísticas necessárias, segundo Elizabete Costa, acrescentando que os agregados celulares produzidos no CICS são “muito semelhantes aos tumores que ocorrem nos humanos”.

Consegue-se, ainda, “produzi-los em larga escala, mas a baixo custo e isto é do interesse das farmacêuticas, que procuram testar os seus fármacos em plataformas baratas para reduzir todo o custo associado ao desenvolvimento de um fármaco e com mais fiabilidade”.

Desde o início da investigação e desenvolvimento de uma molécula que possa vir a ser integrada num medicamento até à comercialização do fármaco podem decorrer vários anos. Mas, muitas vezes, a molécula não chega a passar dos ensaios clínicos, seja devido aos efeitos secundários ou a problemas de segurança.

Ilídio Correia, que já orientou Elizabete Costa durante a investigação de mestrado, destaca as condições da Covilhã na concretização de um projeto que, destaca, terá um papel “no bem-estar da população quer local, nacional, ou internacional”. “É fundamental o apoio do centro de ensaios clínicos que existe no Hospital Pêro da Covilhã, do Centro Hospitalar da Cova da Beira, para que do conjunto da informação e de uma equipa multidisciplinar consigamos levar este projeto tão apelativo e tão importante a bom porto”, conclui.


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