O estudo incide sobre cerca de 60 idosos de três instituições da Covilhã, promovendo a estimulação, em simultâneo, das suas capacidades físicas e cognitivas.
A investigação, que decorre do Doutoramento de Ana Resende, consiste numa seleção de idosos institucionalizados provenientes da Mutualista Covilhanense, Santa Casa da Misericórdia da Covilhã e Lar de S. José, e posterior análise de comportamento, após exercícios físicos e cognitivos. O estudo recai sobre idosos acima dos 65 anos, que não tenham demência grave diagnosticada, nem qualquer tipo de depressão, bem como, não tenham tido um AVC nos últimos cinco anos.
“São formados quatro grupos de cerca de 15 pessoas: um grupo que faz exercício físico e cognitivo ao mesmo tempo, um grupo que só faz exercício físico, outro que só faz treino cognitivo, e um último que não faz nada, apenas mantém as atividades diárias”, explica a investigadora.
Ao nível do exercício físico, as atividades passam por fazer caminhadas, trabalho aeróbio e de reforço muscular, trabalhando com alguns pesos adaptados à faixa etária em causa. Na parte cognitiva são feitos exercícios de identificação de objetos do quotidiano e posterior definição da função e utilidade dos mesmos, bem como, exercícios de associação de objetos, de pares com figuras ou formas idênticas.
Esta é uma intervenção desenvolvida em seis meses, num total de 48 sessões em cada instituição escolhida. As fases de adaptação e pré-teste decorreram durante este mês de janeiro nas três instituições. Será posteriormente feito um pós-teste em agosto, e os idosos são novamente avaliados em novembro, depois de uma fase sem qualquer tipo de exercício.
“É então analisado o comportamento dos quatro grupos, na expectativa de que aquele que faz exercício físico e cognitivo em simultâneo tenha melhores resultados que os restantes”, prevê Ana Resende. “No nosso dia-a-dia somos confrontados com vários estímulos, pelo que, se temos que gerir várias informações, um processo de treino que obrigue estes idosos a gerirem várias informações para desencadear uma resposta múltipla, é então, esperamos nós, mais proveitosa do que fazer essas duas situações individualmente”, acredita.
Fora do nosso país há já várias investigações desenvolvidas sobre “dual-task”, realizadas no âmbito de patologias como a demência de Alzheimer e a doença de Parkinson, com resultados positivos. Ana Resende lembra que “a demência afeta cada vez mais idosos em Portugal e nós queremos dotar essas pessoas da maior qualidade de vida possível”. A aluna de Doutoramento da UBI defende que “se conseguirmos melhorar as capacidades físicas e cognitivas, quer dizer que os idosos a nível cognitivo ficam melhor e têm uma melhor resposta no seu dia-a-dia, e conseguimos ter menos pessoas dependentes”.