Numa mensagem deixada no sítio ‘online’ da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa recorda que o galardoado, sobrinho de António Paulouro, fundador do “Jornal do Fundão“, também dirigiu aquela publicação raiana “que durante décadas se destacou pelo combate cívico e pela atenção dada à literatura”.
“Um jornal regional ‘com relevância global’, como referiu o júri”, salienta o Presidente da República na mensagem de felicitações.
O prémio, em 13.ª edição, no valor de 7.500 euros, é atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), com sede na Guarda, e foi anunciado na sexta-feira.
O CEI referiu, em comunicado, que a atribuição do Prémio Eduardo Lourenço a Fernando Paulouro “teve a unanimidade de todos” os elementos do júri.
“O júri reconheceu a projeção cultural e ibérica do jornalista, escritor e cronista, e a sua notória vocação cultural e cívica, desenvolvida ao longo dos últimos 50 anos, no Jornal do Fundão, órgão de referência na história na imprensa nacional, onde foi jornalista, Chefe de Redação e Diretor”, acrescenta.
A nota do júri sublinhava ainda que Fernando Paulouro “representa muito bem a ligação entre os dois lados da raia ibérica, vividos e defendidos ao longo de uma vida de resistência”.
“Regional, mas sempre com relevância global, mostra que o mundo precisa da reflexão vinda dos pequenos lugares. Partilha as beiras agrestes e a perspetiva que elas transmitem, com o próprio Eduardo Lourenço; em ambos o pensamento não se imagina sem o vento da raia, e a vivência dos locais que o futuro ameaça abandonar, mas que ambos acreditam que se manterão relevantes e até indispensáveis”, aponta.
O júri destacou ainda “a sua visão cívica e comprometida com os territórios da raia, a sua intransigente cidadania e a consciência da realidade de uma região interior, numa perspetiva regional, ibérica e universal”.
Este ano, o júri foi constituído, entre outros, além dos membros da direção do CEI, por quatro personalidades convidadas: Adriana Calcanhotto (cantora) e Walter Rossa (professor catedrático), indicados pela Universidade de Coimbra, e por Pedro Serra e José Luis Fuentecilla Lastra, indicados pela Universidade de Salamanca.
O galardão, com o nome do ensaísta Eduardo Lourenço, mentor e diretor honorífico do CEI, que tem sede na cidade mais alta do país, já distinguiu várias personalidades de relevo de Portugal e de Espanha.
Nas edições anteriores receberam o Prémio Eduardo Lourenço a professora catedrática Maria Helena da Rocha Pereira, o jornalista Agustín Remesal, a pianista Maria João Pires, o poeta Ángel Campos Pámpano, o professor catedrático de direito penal Jorge Figueiredo Dias, os escritores César António Molina, Mia Couto, Agustina Bessa-Luís e Luís Sepúlveda, o teólogo José María Martín Patino e os professores e investigadores Jerónimo Pizarro e Antonio Sáez Delgado.