Sair de Portugal para explorar mercados como a China, Rússia ou o Brasil a bordo de três porta-aviões: Brisa, Efacec e Sovena. Objetivo: ajudar os pequenos a crescer com as lições dos “grandes”.
A ideia é da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP), que conta avançar em julho com o projeto piloto “Ir para fora à boleia das grandes”, uma iniciativa que quer promover sinergias entre as pequenas, médias e as grandes empresas na internacionalização da atividade.
O plano passa por pedir aos “porta-aviões” que aceitaram o desafio para informarem a CCIP sempre que detetarem uma oportunidade de negócio no estrangeiro. A organização encarrega-se, depois, de contactar as pequenas e médias empresas (PME) que aderiram à iniciativa, ajudando-as durante o processo. O formato é válido para as PME que se estreiem num novo mercado ou que ainda não se tenham internacionalizado de todo.
“Um dos objetivos é, sem dúvida, colocar as grandes empresas a ajudarem as pequenas e médias a internacionalizarem-se”, disse ao Observador Pedro Rodrigues, secretário-geral da CCIP.
A ideia, conta o dirigente, não é totalmente original, porque já existem algumas empresas portuguesas, como a Galp ou a Mota-Engil, a aplicarem uma estratégia semelhante, mas mais direcionada para empresas fornecedoras. A CCIP pegou na ideia e alargou-a. “Institucionalizou-a”, refere Pedro Rodrigues.
Cerca de 100 PME ligadas à iniciativa até ao final de junho
Até ao fim de junho de 2014, a CCIP acredita que vai conseguir ter cerca de 100 PME ligadas à iniciativa, mas o objetivo inicial passava por atrair apenas cinquenta. Para o futuro, a ambição é maior: integrar as 500 associadas da CCIP.
“As empresas sabem que vão ganhar experiência e o know-how de quem já está no mercado externo há muito tempo. Desta forma, têm acesso a mais informação e ajuda na prospeção e entrada em novos mercados internacionais”, acrescenta.
Para Jorge de Melo, membro do conselho de administração da Sovena, empresa portuguesa que detém marcas de azeite e óleos como Oliveira da Serra, Fula ou Vêgê, todas as iniciativas que pretendam impulsionar a economia são bem-vindas. A exportar para mais de 70 países, a firma tem fábricas em Portugal, Espanha, Tunísia e nos Estados Unidos da América, olivais em Portugal, Espanha e Marrocos e escritórios comerciais no Brasil e China.
“Temos vindo a explorar cada vez mais os mercados emergentes, como a China, Rússia ou o Brasil, porque é onde vemos que existe maior previsão do nível de crescimento do consumo de azeite, mas os mercados dependem sempre da área de negócio de cada empresa”, explica Jorge de Melo, lembrando que, noutros países, como a vizinha Espanha, se sente mais entreajuda empresarial do que em Portugal. “Acho que este empreendedorismo e esta vontade de fazer mais têm de partir um bocadinho da sociedade”, acrescenta.
A Sovena exporta para mais de 70 países, a Efacec está presente em 65 e a Brisa em três.
Quanto às dificuldades que as PME podem ter de enfrentar, destaca a capacidade financeira ou a eventual falta de dimensão, caso as empresas nos países de destino precisem de encomendas maiores do que aquelas que têm capacidade para concretizar. A Sovena nunca tinha participado numa iniciativa do género.
Eduardo Costa Ramos, diretor de desenvolvimento de negócios da Brisa, adianta que, dependendo das oportunidades, a empresa já associa PME às suas ofertas, “caso a caso” e sobretudo na área tecnológica, mas não de uma forma “estruturada”, como aquela que a CCIP está a implementar.
Ao aderir a esta iniciativa, a Brisa pretende contribuir com “o que for possível” para o aumento das exportações portuguesas, afirma Eduardo Costa Ramos, contando com o “radar ativo da equipa de business development” da empresa nos mercados em que opera. “As expectativas são positivas, embora não seja possível garantir resultados”, adianta.
A Brisa opera na Índia, Holanda e Estados Unidos da América e a Efacec tem negócios em mais de 65 países, nos cinco continentes.