Em entrevista à agência Lusa, o presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida, referiu que os dados reunidos neste laboratório de referência para a gripe apontam para que este “não seja um período muito complicado, em termos de epidemia”.
Ao INSA cabe a realização de uma avaliação da gripe em duas vertentes: laboratorial (identificação dos tipos de vírus) e epidemiológico (ao nível das consequências da doença).
“Neste momento estamos no que consideramos o pleno período de surto”, afirmou, recordando que a epidemia demora entre oito a nove semanas e que, atualmente, “estamos a caminhar para o pico” da gripe.
Ainda hoje o INSA divulgará um novo Boletim de Vigilância Epidemiológica sobre a gripe, tendo o último indicado uma “atividade gripal epidémica de baixa intensidade”, com “tendência crescente”.
“Só sabemos que atingimos o pico da gripe quando esse gráfico parar de crescer e, a partir daí, existir uma estabilização e depois uma descida. São oito a nove semanas. Estamos a caminho da quarta, quinta semana de plena gripe e ainda é relativamente cedo, mas tudo aponta que o pico seja atingido dentro de uma, duas semanas”, adiantou.
Fernando Almeida mostra-se confiante no efeito da vacinação contra a doença, tendo em conta que nunca como este ano se vacinaram tantas pessoas contra a gripe.
Isto apesar do vírus que circula atualmente não constar da vacina.
“Não há problema, porque este vírus B é um dos quais é possível fazer a imunização cruzada, o que quer dizer que quando a pessoa recebe a vacina recebe a estirpe que, mesmo não sendo igual, tem pedacinhos de ADN que são iguais e fica também imunizada. No caso de ter gripe, nunca terá a gravidade e a sintomatologia como se não tivesse a vacina”, explicou.
Fernando Almeida frisou ainda que o vírus predominante (tipo B) “não é tão virulento”, ou seja, “não é tão grave quando provoca a gripe. Se fosse o A era mais complicado”, adiantou.
Segundo Fernando Almeida, a época gripal significa para o INSA um período “normal” de trabalho.
“Estamos permanentemente preparados e integramos o plano para as temperaturas adversas”, disse.
Relativamente a casos mortais devido à gripe, Fernando Almeida é perentório: “Há casos mortais devido à gripe. Sempre houve e sempre haverá”.
Os dados relativos à presente época gripal só serão conhecidos mais tarde.
Durante a última época gripal (2016/2017), a gripe e a vaga de frio terão sido responsáveis por 4.467 óbitos, segundo o relatório anual do Programa Nacional de Vigilância da Gripe, elaborado pelo INSA, em colaboração com a Direção-Geral da Saúde (DGS).