Ministra da Coesão Territorial diz pertencer ao Governo "mais centralista" que o país já teve

A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, afirmou esta terça-feira que faz parte de um “dos Governos mais centralistas” que o “país já teve” e que esse centralismo se acentuou com a pandemia “inevitavelmente”.

“Eu faço parte dos Governos mais centralistas que o nosso país já teve, o nosso primeiro-ministro reconhece isso, e esse centralismo acentuou-se com a pandemia, inevitavelmente”, afirmou a ministra que falava na cerimónia de evocação dos 20 anos do Douro Património Mundial da UNESCO, que decorreu esta terça-feira, em Lamego, Viseu.

Ana Abrunhosa disse ainda que travou “esta batalha de dois anos no Governo sem exército” e que sempre que precisava de “forças” vinha ao terreno.

“O que o Douro e todo o território tem que reclamar é um Estado menos centralista, e que no Governo, no Conselho de Ministros tenhamos mais país”, salientou, referindo que não se pode continuar a ver o país com “as lentes de Lisboa”.

No seu discurso, Ana Abrunhosa falou sobre as duas décadas de Douro Património Mundial, período em que apesar de “todos os avanços” o território “tem vindo a perder população”.

“Apesar de ter convergido com a região Norte e com o resto do país e apesar de estar a vender [vinho] mais do que nunca, a um preço mais elevado do que nunca, o impacto positivo que este setor tem nas exportações tem de se refletir no rendimento dos milhares de agricultores que há séculos são responsáveis pelo de que mais distintivo tem a região e que vivem exclusivamente do que a terra providência”, frisou.

A ministra defendeu que o Douro “tem de continuar a ser um território de oportunidades para viver e trabalhar”, o que considerou que só se consegue “incorporando conhecimento e tecnologia em setores tradicionais e beneficiando de alianças estratégicas de longo termo com universidades e politécnicos”.

“Fixar e atrair pessoas será um dos principais objetivos para o futuro do território, combatendo a crise demográfica e o despovoamento. Nós falamos muito do desafio climático e digital, eu estou convencida de que esses desafios são importantes, mas para mim o desafio demográfico é o mais importante de todos”, sublinhou.

Destacou ainda a questão dos muros de xisto, um dos elementos mais identitários do Património Mundial, e frisou que se trata de “uma questão muito, muito importante que o Governo tem que acautelar”.

“Volto a insistir, que o Governo tem que acautelar”, apontou.

Na sua opinião, a responsabilidade para enfrentar estes desafios “é de todos”, desde os atores locais, regionais, a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro, mas também do “Governo que tem que deixar de ser tão centralista”.

“Basta pensar que o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) tem sede em Lisboa, não há nada mais anacrónico, confesso a minha derrota”, frisou.

As comemorações dos 20 anos do Douro património Mundial arrancaram esta terça-feira e vão prolongar-se até 14 de dezembro de 2022.


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