Militantes do PSD de Seia impedidos de votar nas diretas admitem recorrer a tribunal

Os militantes, inscritos na secção concelhia local, não votaram para a liderança do partido por não terem recebido atempadamente as referências multibanco para pagarem as quotas.

Cerca de 40 militantes do PSD em Seia foram impedidos de votar nas diretas de sábado por os seus nomes não constarem nos cadernos eleitorais e dois deles admitem participar o caso ao Ministério Público, disse fonte social-democrata.

Os militantes, inscritos na secção concelhia local, não votaram para a liderança do partido por não terem recebido atempadamente as referências multibanco para pagarem as quotas, apesar de terem enviado a atualização dos seus dados por correio até 13 de dezembro, que era a data limite.

José Figueiredo, militante do PSD “há quase 40 anos”, foi um dos que não votou no ato eleitoral de sábado e não esconde a revolta pela situação, alegando que sempre acreditou que, mesmo não tendo pago as quotas com antecedência, o pudesse fazer momentos antes de exercer o direito de voto.

O social-democrata disse à Lusa que só soube que não podia votar quando se dirigiu à mesa de voto e verificou que o seu nome não constava nos cadernos eleitorais.

“Os documentos saíram atempadamente de Seia e, em Lisboa, trancaram as coisas e não deram aos militantes a possibilidade de votar”, lamenta.

No sábado, o militante, “um dos mais antigos” de Seia, entregou um documento ao presidente da mesa a manifestar desagrado pela situação.

“Se não me enviarem [os elementos necessários] para poder votar na segunda volta, meto o PSD no Ministério Público e, depois, eles

[os dirigentes nacionais]

que se entendam, porque [o PSD] me negou o direito de militante de poder escolher o líder”, disse José Figueiredo.

A militante Micaela Aguiar também não votou e coloca a possibilidade de recorrer ao tribunal, “se for necessário”, por considerar o caso “inadmissível”.

Contou que enviou o pedido de atualização de dados por correio dentro do prazo, mas não tem culpa “que os correios não funcionem em condições”.

Depois de ter apelado para o Conselho de Jurisdição Nacional e de lhe ter sido indicado que iria receber a referência multibanco para pagar as quotas, tal não aconteceu, referiu.

“Como qualquer cidadão, temos o direito a exercer o voto e fomos impedidos. Estamos a ser humilhados, impedidos de exercer um direito que é nosso”, lamenta a social-democrata que também exarou um protesto junto do presidente da mesa da secção de Seia do PSD.

Micaela Aguiar espera que o assunto fique ultrapassado até sábado, quando decorre a segunda volta das eleições internas no partido, porque, a manter-se, “será incompreensível”.

O presidente do PSD e recandidato ao cargo, Rui Rio, conseguiu 49,44% dos votos nas diretas, falhando por 173 votos a necessária maioria absoluta e disputará no sábado a segunda volta com Luís Montenegro, inédita na história do partido.

De acordo com os resultados provisórios divulgados no sábado à noite pelo Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) do PSD, Rui Rio obteve 15.301 votos, correspondentes a 49,44% dos votos expressos, enquanto o antigo líder parlamentar Luís Montenegro conseguiu 12.767 (41,26%) e o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais Miguel Pinto Luz 2.878 votos (9,3%).

Por contabilizar estão 13 secções onde se verificaram irregularidades: Amadora (Lisboa), Alter do Chão (Portalegre) e as 11 da Região Autónoma da Madeira.


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