Fundão ganha prémio europeu de inovação territorial

Em quatro anos aquela cidade beirã atraiu 14 empresas na área das tecnologias da informação e comunicação, algumas delas multinacionais.

Em apenas quatro anos o município beirão atraiu 14 empresas tecnológicas, algumas delas multinacionais, gerou mais de 500 empregos altamente qualificados, converteu 240 pessoas desempregadas em programadores informáticos e pôs as crianças do primeiro ciclo de todo o concelho a saberem lidar com computadores.

 
No ano passado, quando os professores do primeiro ciclo do Fundão pediram aos seus alunos para fazerem um desenho no final do primeiro período, muitos deles desenharam um robô vestido de Pai Natal.

Estranho? Sim. Estranho e surpreendente, mas pode ser o resultado do impacto que está a ter a introdução ao ensino da programação informática a todas as crianças do primeiro ciclo que residem no concelho, numa experiência, segundo o município, pioneira em Portugal.

Esta é apenas uma das razões pelas quais hoje, a Comissão Europeia distinguiu hoje em Bruxelas o Fundão, no âmbito dos prémios RegioStar 2018 – um galardão com que Bruxelas distingue projetos inovadores e de boas práticas de desenvolvimento regional, apoiados por fundos europeus.

No total, havia 21 finalistas concorrentes àquele prémio europeu, sendo Portugal o país mais representado, contando com dois projetos do norte, dois do centro e ainda um projeto internacional liderado pelo Instituto Superior Técnico, de Lisboa.

68 startups em apenas quatro anos

Mas, em relação ao Fundão, a história de sucesso territorial conta-se com mais alguns números. Em quatro anos aquela cidade beirã atraiu 14 empresas na área das tecnologias da informação e comunicação, algumas delas multinacionais, gerou mais de 500 postos de trabalho qualificados e impulsionou o lançamento de 68 startups e outros projetos empresariais, bem como projetos de investimento em investigação e desenvolvimento.
Por outro lado, através de um programa de formação intensiva em programação, lançou várias iniciativas de conversão profissional, proporcionando competências digitais a jovens desempregados.

Este é um breve resumo de uma história bem sucedida no coração da Beira Interior – nos, agora chamados, ‘territórios de baixa densidade’ – hoje premiada em Bruxelas, pela Comissão Europeia, que assim distingue as dinâmicas territoriais em cidades com menos de 15 mil habitantes.

Durante os últimos dois anos, 240 pessoas desempregadas, com uma idade média de 29 anos, foram convertidas em programadores informáticos. Metade não tinham formação superior e a taxa de empregabilidade atingiu os 97%, com colocações num prazo médio de duas semanas. Muitos destes profissionais reconvertidos acabaram por ficar a trabalhar nas tecnológicas que se instalaram no Fundão.

Nesta cidade, para além do Centro de Negócios e Serviços Partilhados, criou-se também uma incubadora e aceleradora de startups; um Fab Lab certificado pela rede mundial; um Centro de Formação Avançada sobre as novas competências profissionais; um Centro de IoT baseado em tecnologia open source; um Centro de Biotecnologia de Plantas; e um Centro de Validação e Certificação de Software.

Novos empregos fazem disparar procura de habitação

A instalação de empresas e novos residentes no centro da cidade era um dos pressupostos mais importantes da aposta do Fundão de inovação territorial da autarquia. Dada a procura de habitação que disparou nos últimos anos a Câmara Municipal teve de criar uma área de reabilitação urbana, com um sistema pioneiro de incentivos para empresas e residentes. Foi dinamizado um mercado de arrendamento praticamente inexistente até há quatro anos atrás. Desde 2013, a reabilitação urbana cresceu mais de 70%, foram recuperados cerca de 150 fogos habitacionais estando atualmente em construção mais de 100.

Devido à forte aposta da autarquia na área das tecnologias da informação, o Fundão é um dos únicos cinco locais em Portugal onde funcionam centros de competências em desenvolvimento de software em regime de nearshore.

A autarquia garante que a cidade está já hoje mapeada como um dos hotspots em Portugal para aceleração de startups, num estudo realizado pela Comissão Europeia e pela Microsoft.

Em termos de impacto demográfico, a Câmara do Fundão garante que conseguiu uma redução do desemprego em 50%, desde 2012, tendo atingido em 2015, pela primeira vez em muitos anos, um saldo migratório positivo.


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