Fectrans exige mais fiscalização para melhorar condições de trabalho dos motoristas

Fernando Fidalgo apelou às entidades competentes para que reforcem a fiscalização junto das empresas de transportes e dos motoristas, para evitar prevaricações.

A Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) exigiu hoje um reforço da fiscalização para melhorar as condições de trabalho dos motoristas de transportes internacionais e reduzir as mortes nas estradas.
“Há uma média de um morto por dia, só nas estradas da Península Ibérica. Isto é desastroso, são acidentes provocados pelo sono, pelo cansaço, porque os trabalhadores estão a trabalhar ao quilómetro e à viagem, e tudo [isso] provoca o cansaço”, disse hoje à agência Lusa Fernando Fidalgo, dirigente da FECTRANS.
O sindicalista participou hoje numa ação realizada junto dos camionistas em trânsito pela fronteira de Vilar Formoso, no concelho de Almeida, distrito da Guarda, integrada na jornada de luta promovida pelos sindicatos europeus de transporte rodoviário, sob o lema “A fadiga mata”.
Fernando Fidalgo apelou às entidades competentes para que reforcem a fiscalização junto das empresas de transportes e dos motoristas, para evitar prevaricações.
Em sua opinião, as entidades fiscalizadoras devem atuar e “penalizar os prevaricadores”, admitindo que, “na maioria dos casos, as pressões vêm do patrão”.
A FECTRANS manifestou-se ainda contra o que classifica de ‘dumping social’, pelos “abusos cometidos pelos empresários”, pela deterioração dos salários e das condições de trabalho dos trabalhadores dos transportes.
“Não se cumprem as regras estabelecidas pela União Europeia ao nível dos tempos máximos de condução, dos tempos mínimos de repouso e os salários são desequilibrados”, denunciou.
Segundo Fernando Fidalgo, em Portugal “a maioria dos camionistas ganham à viagem e violam os controlos de trabalho, andam a trabalhar de dia e de noite e ainda descarregam o camião”.
“Há uma definição de funções e a função principal do motorista é conduzir, só que os patrões e a evolução do mercado têm permitido criar condições junto dos trabalhadores que, além de conduzirem, carregam e descarregam o camião”, alertou.
Disse ainda que muitos motoristas passam “vários fins de semana no estrangeiro, sem virem a casa descansar”, quando “o descanso semanal deve ser junto da família”.
“Admitimos uma exceção ou outra, mas não aceitamos que passem semanas após semanas fora de casa, sem verem as famílias”, rematou.
O sindicalista defende que a nível europeu “devia existir um conjunto de critérios que permitissem diferenciar as empresas cumpridoras das ‘empresas fantasma’, que são aquelas empresas que só têm emprego precário e não cumprem as regras”.
“Estas ‘empresas fantasma’ não podem transitar no espaço europeu, não têm esse direito. Tem que haver um conjunto de critérios que permita uma fiscalização a essas empresas e verificar se estão ou não aptas a circular no plano europeu”, disse.
Deu o exemplo de França que “já proibiu duas ou três empresas portuguesas de circularem no seu território”.
“É isto que nós queremos generalizar, para que haja um setor de atividade em que as regras sejam iguais para todos”, concluiu.

Conteúdo Recomendado