Exploração de lítio encarada como oportunidade de futuro para aldeias da Guarda

Os habitantes da freguesia de Gonçalo, na Guarda, disseram hoje à agência Lusa que encaram o projeto de exploração de lítio junto à aldeia de Seixo Amarelo como uma oportunidade de desenvolvimento e de criação de postos de trabalho.

“A exploração de lítio será importante para criar postos de trabalho, porque a freguesia [de Gonçalo] está praticamente parada e não tem economia”, disse o morador Helder Saraiva, de 41 anos.

O cesteiro de profissão encara a prospeção deste mineral usado na produção de baterias para automóveis e de placas utilizadas no fabrico de eletrodomésticos como uma atividade “de futuro” para a terra.

“Pode levar desenvolvimento à nossa freguesia, porque qualquer dia não temos ninguém, desaparece tudo, por falta de emprego. Era bom para tudo”, disse, apontando que existe atualmente uma exploração de minerais na área da freguesia que já dá emprego a um homem de Gonçalo e a outro da vizinha aldeia de Gaia (Belmonte).

Atualmente, os habitantes de Gonçalo só se apercebem da existência da exploração de minerais “pela passagem dos camiões” com os inertes e pelo facto de os dois trabalhadores da zona almoçarem num restaurante da terra, informou o morador.

Firmino Cairrão, antigo presidente da extinta freguesia de Seixo Amarelo, que foi agregada a Gonçalo, contou à Lusa que a exploração de minérios na zona começou “há mais de 30 anos”.

“[As empresas exploradoras] fizerem um estudo em que dizem que desde o vale da Vela até Gonçalo há uma reserva de lítio que é a maior da Europa, mas o lítio ainda não está a ser explorado”, elucidou.

Segundo o ex-autarca, no local são explorados feldspato e lepidolite e a atividade “não dá benefícios” à terra porque “não há lá trabalhadores daqui [Seixo Amarelo]”.

“A nossa expectativa é que se faça mesmo a exploração de lítio e que isso viesse trazer benefícios à freguesia, mas se isso vai ser feito ou não, está no segredo dos deuses”, disse.

O proprietário do único café de Seixo Amarelo, António Carvalho, de 75 anos, espera que a exploração de lítio leve mais movimento à aldeia porque no presente, com a atual exploração, “o movimento é zero”.

“Passa um mês e outro e não passa aqui ninguém [no café]. Nunca vi os trabalhadores, não sei se têm um carro branco ou preto. O que sei dizer é que se apostassem na extração do lítio davam movimento a isto, porque, a continuar assim, daqui a dez anos, não há cá ninguém”, referiu.

Outro morador, João Costa, de 65 anos, defende que com a exploração de lítio “em força” alguém deve “obrigar a empresa a deixar ficar alguma coisa na terra, porque só dará interesse aos proprietários dos terrenos”.

A presidente da Junta de Gonçalo, Elsa Martins, adiantou à Lusa que a autarquia já tem mais-valias financeiras com as rendas que recebe da exploração de minerais, uma vez que as mesmas são feitas em terrenos públicos, mas, relativamente a emprego, o reflexo “não tem sido significativo”.

A autarca espera que a exploração de lítio “tenha mais valor” e “possa trazer mais algum benefício para a freguesia”.


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