Covid-19: Territórios estão “deprimidos” devido ao fecho das fronteiras

O presidente da Câmara de Almeida disse hoje que a manutenção do controlo de pessoas nas fronteiras, até 05 de abril, é prejudicial para os territórios fronteiriços do interior que “estão deprimidos” e vivem “tempos muito difíceis”.

António José Machado afirmou à agência Lusa que tinha a expectativa de que a reabertura das fronteiras ocorresse na terça-feira, embora o fluxo de pessoas não fosse “muito grande”, porque “também existem regras no Reino de Espanha”.

“[A reabertura] não iria criar movimento, mas a permeabilidade da fronteira passaria a existir. Há essa necessidade nestes territórios”, disse o presidente do município de Almeida, onde se localiza a fronteira de Vilar Formoso – Fuentes de Oñoro.

Segundo o autarca, as populações de ambos os lados da fronteira convivem e fazem transações diárias e “ultimamente não tem havido esse contacto”.

“Os territórios estão deprimidos, não se vê praticamente ninguém, os negócios estão todos fechados. É um momento difícil”, contou.

O controlo de pessoas nas fronteiras terrestres e fluviais vai manter-se até 05 de abril devido à situação epidemiológica em Portugal e Espanha, mantendo-se os pontos de passagem autorizados e os horários estabelecidos no período anterior, anunciou o Governo.

Em comunicado, o Ministério da Administração Interna (MAI) adianta que a partir das 00:00 de quarta-feira mantém-se limitada a circulação entre Portugal e Espanha ao transporte internacional de mercadorias, de trabalhadores transfronteiriços e de caráter sazonal devidamente documentados, e de veículos de emergência e socorro e serviço de urgência.

O MAI adianta que se mantém suspensa a circulação ferroviária transfronteiriça, exceto para transporte de mercadorias, bem como o transporte fluvial entre Portugal e Espanha.

“Estas limitações não impedem a entrada em Portugal de cidadãos nacionais e de titulares de autorização de residência em Portugal, bem como a saída de cidadãos residentes noutros países”, esclarece o MAI.

O primeiro-ministro português, António Costa, disse na quinta-feira que apesar dos níveis da pandemia em Portugal e Espanha permitirem a reabertura da fronteira, ela vai manter-se encerrada até à Páscoa para evitar as tradicionais deslocações de pessoas na “semana santa” entre os dois países.

O presidente da Câmara Municipal de Almeida lembra que o período da Páscoa “era sempre um ponto alto” da presença de espanhóis em Portugal e na região raiana.

Este ano, devido à pandemia, o movimento seria mais reduzido, mas se as fronteiras estivessem abertas seria dado “um ânimo à parte da economia”, vaticina.

“Neste caso [com as fronteiras fechadas], vamos ter que aguentar e resistir. Sermos resilientes e esperar por tempos melhores”, admitiu.

O autarca de Almeida disse, ainda, que neste momento “há um mal-estar dos empresários quer do lado espanhol quer do lado português” e “uma vontade em voltar a imprimir o ritmo que existia, que já não era muito favorável”.

“Os territórios do interior vivem tempos muito difíceis”, rematou.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.649.334 mortos no mundo, resultantes de mais de 119,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.684 pessoas dos 814.257 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.


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