Covid-19: Confinamento está a ser “muito sentido” na venda de vinhos da Beira Interior

O presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) admitiu hoje que o novo confinamento está a ser “muito sentido” no setor devido à redução no consumo e na comercialização de vinhos.

“O impacto deste confinamento está a ser muito sentido neste setor, porque muitos dos nossos produtores e associados, principalmente os mais pequenos, vendem grande parte dos seus vinhos no canal HORECA, para os restaurantes e hotéis que estão praticamente todos fechados e sem servir refeições”, referiu Rodolfo Queirós à agência Lusa.

Segundo o responsável, os produtores “não estão a conseguir escoar” os seus produtos e, mesmo nos restaurantes com serviço de ‘take-away’, os vinhos não são vendidos, “porque 99% das pessoas vão lá buscar comida mas não levam uma garrafa de vinho”.

Devido à pandemia causada pela covid-19, os produtores não vendem os seus produtos, alguns associados da CVRBI entraram em situação de ‘lay-off’ e foi reduzida a atividade de certificação de vinhos brancos e rosés.

Os efeitos do novo confinamento estão a “sentir-se muito” no negócio dos vinhos da Beira Interior, as quebras nas vendas são “de vária dimensão e é muito difícil dizer como as coisas estão”, vincou o dirigente.

No confinamento anterior, “o que equilibrou as contas” de alguns produtores foram as exportações e as vendas nas grandes superfícies comerciais.

Rodolfo Queirós vaticina que o primeiro trimestre de 2021 será “tão ou mais difícil como o período de março a julho [de 2020], porque as coisas estão muito paradas” e “as pessoas têm menos poder de compra e vão gastar menos dinheiro”.

Para ajudar a escoar a produção de vinho dos associados, a CVRBI pretende abrir brevemente uma loja para venda de produtos ‘online’.

O presidente da CVRBI também defende que o Governo deve criar medidas específicas para ajudar o setor.

Lembra que em 2020 foi promovida a destilação de vinhos mas, desta vez, sugere um sistema do género do ‘e-fatura’, que é utilizado para a restauração, “para mitigar um bocadinho a situação, porque nos pequenos produtores, muitas vezes, a pessoa que faz o vinho é a mesma que o comercializa”.

A CVRBI tem sede na cidade da Guarda, no Solar do Vinho, e abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco, que correspondem a uma área de 20 municípios.

Na área da CVRBI, com perto de 16 mil hectares de vinhas e uma grande variedade de castas (destacando-se as brancas Síria, Arinto e Fonte Cal e as tintas Tinta Roriz, Rufete, Touriga Nacional, Trincadeira e Jaen), existem cerca de 60 produtores de vinho, sendo quatro adegas cooperativas e os restantes produtores particulares.


Conteúdo Recomendado