A decisão tomada na assembleia geral da cooperativa que aprovou por maioria as contas da anterior direção, que encerraram com um resultado líquido positivo de cerca de 7.879 euros, resultado da venda de bagaço e do caroço da azeitona, já que, segundo a atual direção, a venda do azeite das últimas duas campanhas resultou em prejuízo para a cooperativa.
“Aquilo que mais nos admira foi o facto de ter sido vendido azeite com grande prejuízo para a cooperativa: na campanha 2012/2013, tivemos um preço médio de venda de 2,50 euros o litro de azeite e aos associados foi pago a 2,80 euros, relativamente à campanha de 2013/2014, o preço médio de venda foi de 2,56 euros/litro e foi pago aos associados a 3,10”, explicou o tesoureiro da cooperativa, Manuel Martinho.
Mas a assembleia ficou ainda marcada pela revelação de outras situações relacionadas com a anterior gestão como é o caso da inexistência de atas das reuniões de direção desde janeiro de 2012 e de uma dívida ao lagar de 26 mil euros da empresa que recolhe o bagaço, já negociada pela atual direção e que segundo o tesoureiro, será paga ao lagar na totalidade até ao início da nova campanha “a dificuldade em encontrar empresas que recolham o bagaço poderá ser o motivo que levou a manter a situação durante estes anos todos ”.
Outra das situações denunciadas na assembleia foi a existência de doações de azeite sem que tenha sido pago o IVA, também já regularizado pela atual direção que está a realizar uma auditoria interna à cooperativa “é uma auditoria com a prata da casa, temos um revisor oficial de contas e um técnico oficial de contas nos órgãos sociais que se disponibilizaram a realizar essa auditoria, logo que esteja tudo apurado será comunicado aos associados”.
Na assembleia geral onde estiveram presentes mais de 140 associados, ficou decidido que a próxima campanha será antecipada uma semana, começando no dia 10 de novembro com algumas novidades. Desde logo a garantia de que todos os associados que cheguem com azeitona ao lagar até às 20 horas serão atendidos “salvaguardando algum problema técnico”. O lagar estará aberto das 8 horas às 20 horas até final da campanha, prevista para janeiro.
Outra das novidades desta campanha é a aquisição de um novo equipamento que vai permitir a gestão do azeite sem intervenção humana “por uma questão de transparência e até porque sabemos os problemas de crise diretiva desta cooperativa, pretendemos credibilizar ao máximo não só os órgãos sociais mas também os trabalhadores, esse equipamento custa cerca de 290 euros, vai ser instalado esta semana, ou seja, nesta campanha não passa um litro de azeite sem que seja registado no sistema informático”.
O conselho Oleícola Internacional prevê para Portugal uma redução de 1,5% da produção na próxima campanha, mas Manuel Martinho, da direção da cooperativa, admite que a quebra seja maior, “uma vez que essa previsão aconteceu antes destas temperaturas altas que estão a provocar algumas doenças e a queda antecipada de alguma azeitona”.
Foi também esse o motivo que levou a direção a antecipar a campanha que terá início no dia 10 de novembro.