Comunidade das Beiras diz que Linha da Beira Baixa nas obras prioritárias pode ser “engodo eleitoral”

O presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE), Vítor Pereira (PS), considerou hoje que a inclusão da Linha da Beira Baixa no Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas pode ser “um engodo eleitoral”.

“Lamento dizê-lo, mas não podemos deixar de dar conta que este relatório surge a poucos meses das eleições europeias, portanto, temo que isto seja mais um engodo eleitoral e que, de facto, não passe disso”, disse o autarca à agência Lusa. Vítor Pereira, que é também presidente da Câmara Municipal da Covilhã, sublinhou que o plano hoje tornado público não apresenta nem o montante nem a calendarização do investimento, que deve concluir a obra de beneficiação do troço entre a Guarda e Covilhã (atualmente encerrado). “O problema é que não temos o calendário. No estudo anteriormente divulgado dizia-se que a obra ia ser iniciada em 2016, agora não se diz data nenhuma e, nestas coisas, a experiência diz-nos que temos de ter algum cuidado”, frisou. Vítor Pereira ressalvou, todavia, que os autarcas da região defendem a concretização da obra “que, aliás, já devia estar realizada”, recordando que a beneficiação do troço entre a Guarda e a Covilhã foi interrompida a meio e com parte do investimento já realizado. “Todos queremos, esperamos e desejamos que isto não seja mesmo um engodo e que a obra avance, porque ela é verdadeiramente prioritária e necessária para o desenvolvimento da região e do país”, afirmou. Entre as reivindicações dos autarcas da região, encontram-se também a construção de vias rodoviárias como o IC6 (Covilhã/Tábua, via Serra), o IC7 (Fornos de Algodres/Oliveira do Hospital), o IC37 (Seia/Viseu) e IC31 (ligação de Castelo Branco a Espanha), que o autarca lamenta não estarem mencionados no plano. “Mais uma vez, e repeti-lo-ei até à exaustão, o interior continua a ser esquecido. Continuamos sem estradas fundamentais para desencravar a região e para se inverter o círculo de despovoamento, de envelhecimento e de desertificação. Isso só se pode fazer com projetos dinamizadores da economia e a verdade é que não vejo essa preocupação plasmada nos documentos do Governo”, apontou. O Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas 3+ foi hoje divulgado e apresenta um conjunto de 59 obras consideradas prioritárias, num investimento global de 6.067 milhões de euros. O documento estabelece seis eixos de desenvolvimento prioritários para o período 2014-2020: corredor da fachada atlântica, corredor internacional norte, corredor internacional sul, corredor do Algarve, corredor do interior e transportes públicos de passageiros. A maior fatia do investimento vai para o setor ferroviário, com 2.639 milhões de euros (43% do total).


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