ClimadaPT leva municípios a avaliar risco e preparar resposta a alterações climáticas

O especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos garantiu que projeto Climadapt Local, a lançar quinta-feira, permite preparar respostas em vários municípios a problemas como inundações, ondas de calor ou riscos de fogos florestais relacionados com mudanças do clima.

O diretor do centro para a adaptação aos impactos das alterações climáticas (CCIAM na sigla em inglês), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Filipe Duarte Santos avançou à agência Lusa que vão ser elaboradas 26 estratégias para outros tantos municípios, incluindo um dos Açores e outro da Madeira, e realizadas ações de formação para os técnicos locais.

“Procuramos ir ao encontro das vulnerabilidades à mudança climática das diferentes câmaras, se estivermos a pensar numa autarquia de uma região do interior do Alentejo, os problemas são bastante diferentes daqueles que se colocam a uma câmara do norte do país, da região do Minho”, explicou.

O Climadapat.PT Local resulta de um concurso lançado pela Agência Portuguesa do Ambiente, tem como objetivo a preparação do país, e de cada região, para as consequências das alterações climáticas, que vão afetar Portugal no futuro, e é financiado pela iniciativa EEA Grants, com verbas que vêm da Noruega, Liechstein e Islândia, através de um acordo com o Governo português.

O CCIAM foi selecionado e tem vários parceiros, como o Instituto de Ciências Sociais, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, Unversidade de Aveiro, Universidade dos Açores, ou as três autarquias que já têm uma estratégia de adaptação às alterações climáticas: Sintra, Cascais e Almada.

As estratégias consideram vários temas, referiu Filipe Duarte Santos, dando o exemplo das câmaras que têm problemas com inundações, como Lisboa e Porto, onde será considera a forma como vão adaptar-se a situações “provavelmente mais frequentes no futuro, em cenários de alterações climáticas”.

O especialista em alterações climáticas explicou que a preparação “tem que ver com saúde humana, ondas de calor, secas prolongadas, fogos florestais, zonas costeiras, proteção da costa, [ou] como fazer a adaptação da costa, no caso dos municípios, destes 26, que são costeiros”.

A elaboração da estratégia começa pela identificação, por cada município, das suas vulnerabilidades e segue com a definição de medidas de prevenção. Por exemplo, se existe risco de ondas de calor, é necessário focar a atenção em estruturas como lares de idosos ou hospitais, numa câmara localizada na costa, poderá ter problemas de erosão, numa autarquia com região florestal, deverá atender ao potencial de fogos, uma localidade com problemas de seca terá de atender à possibilidade de ter problemas no abastecimento de água.

“É muito importante dar acesso ao conhecimento dos cenários climáticos futuros”, nas diferentes regiões do país, apontou o responsável, acrescentando que, “só com base nesta informação” se podem avaliar as vulnerabilidades de uma determinada autarquia.

Está marcada para quinta-feira a assinatura do protocolo entre o consórcio do ClimadaPT.Local e as 26 autarquias que vão participar: Amarante, Barreiro, Braga, Bragança, Castelo de Vide, Castelo Branco, Coruche, Évora, Ferreira do Alentejo, Figueira da Foz, Funchal, Guimarães, Ílhavo, Leiria, Lisboa, Loulé, Montalegre, Odemira, Porto, Seia, São João da Pesqueira, Tomar, Tondela, Torres Vedras, Viana do Castelo, Vila Franca do Campo.


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