Ciclo de Festivais de Cultura Popular da Guarda regressa já no final deste mês

Em 2023 e entre janeiro e novembro são 15 as iniciativas, que terão lugar em diversas localidades do concelho, no âmbito do Ciclo de Festivais de Cultura Popular da Guarda.

Segundo o Município da Guarda, “trata-se de um ciclo que promove os saberes autênticos e genuínos da região e que aposta na divulgação e na promoção desse mesmo património cultural que importa preservar e levar a cada vez mais pessoas. A vaca autóctone jarmelista, a lã, o pão, a cestaria, os enchidos, a castanha, o azeite e tantas outras tradições e produtos da Guarda vão dar o mote a este ciclo que acontecerá entre 28 de janeiro e 19 de novembro de 2023”. E porque o Município pretende que este seja um ciclo verdadeiramente participado, a autarquia criou para esta edição um “Passaporte”, que terá a configuração de um pequeno livro de bolso, com a informação relativa aos Festivais de Cultura Popular e onde cada Entidade Organizadora validará, na área especificada para o efeito, com o respetivo carimbo alusivo à iniciativa, a participação do “Festivaleiro”. Em dezembro serão sorteados três Passaportes que ganharão três super- cabazes de produtos e experiências no Mundo Rural do nosso Concelho. Para participar basta consultar as normas no site do município disponíveis AQUI.

Esta iniciativa promovida pelo Município da Guarda em parceria com as entidades locais, tem como objetivos primordiais divulgar o património cultural material e imaterial, efetivo e afetivo, das comunidades envolvidas; alertar para a necessidade de preservação deste mesmo património, ajudando a perpetuar o saber pelas gerações mais novas; valorizar produtos e tradições singulares e a sua autenticidade; melhorar a qualidade de vida dos habitantes destes núcleos rurais do concelho da Guarda; aumentar o potencial de dinamização da base económica e produtiva local; criar envolvimento da população na organização destas iniciativas, através de parcerias com coletividades e freguesias locais; atrair visitantes da região e do país e dinamizar a região.

A Festa do Chichorro marca o arranque do Ciclo de Festivais de Cultura Popular, já no próximo sábado, dia 28 de janeiro, em Vila Mendo, onde o Chichorro vai ser protagonista.
O Festival dos Enchidos acontece a 25 e 26 de março, na Castanheira, onde as tradições ligadas à matança do porco são, ainda hoje, para algumas famílias uma tradição de suma importância.
A 39ª edição da Feira Concurso do Jarmelo acontece a 4 de junho tendo como objetivos promover a raça bovina autóctone – a Vaca Jarmelista, o diálogo e a aproximação entre os vários setores de atividade locais, com o intuito de desenvolver o Jarmelo e toda a região envolvente.
No fim-de-semana que se segue, dias 10 e 11 de junho, a união de Freguesias de Corujeira – Trinta recebe as Jornadas da Lã. Esta atividade pretende relembrar antigas práticas que antecediam a partida das ovelhas do flanco serrano.
Para que a memória perdure no tempo, com a iniciativa Viagem às Raízes, em Arrifana, nos dias 1 e 2 de julho, serão revividas duas das tradições existentes na aldeia de: a malha do centeio e o teatro na aldeia.
Em Gonçalo, nos dias 8 e 9 de julho, a promoção e valorização da cestaria tradicional de vime é a razão para a realização do Festival da Cestaria.
O Festival do Peixe do Rio surge, a 29 e 30 de julho em Valhelhas, com o propósito de promover o desenvolvimento económico, social e cultural local.
Já em agosto, nos dias 5 e 6, Videmonte acolhe mais uma edição do Festival Pão Nosso no qual o pão e todo o processo que está relacionado com o seu fabrico, até chegar às mesas, são o mote do Festival “Pão Nosso”.
Tendo o rio Mondego como cenário, o Festival das Mondegueiras acontece a 12 e 13 de agosto, em Aldeia Viçosa, com o objetivo de promover as culturas agrícolas e patrimoniais do farto Vale do Mondego.
Nos dias 19 e 20 de agosto, em Rapoula, acontece o 1º Festival Cultural e Gastronómico de Pêra do Moço “Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?”.
O Festival do Cobertor de Papa volta, para mais uma edição, nos dias 9 e 10 de setembro, em Maçainhas, o único local onde se mantém viva a tradição artesanal desta arte ancestral.

Nos dias 21 e 22 de outubro, a Festa do Saber e Sabor da Marmelada, na freguesia de Marmeleiro é o mote para um fim-de-semana doce no que à gastronomia diz respeito.

A Festa da Castanha, a 28 e 29 de outubro em Aldeia do Bispo, é um evento de animação sócio comunitária, focado na preservação e valorização dos produtos endógenos da terra, em particular do precioso fruto de Outono, a castanha, e na promoção da reflorestação de novos castanheiros.

Em Famalicão da Serra, nos dias 4 e 5 de novembro, à castanha junta-se a jeropiga para a promoção dos recursos endógenos e a salvaguarda de saberes ancestrais com a Festa da Castanha e da Jeropiga, que pretende, acima de tudo, homenagear uma comunidade que se distingue por conservar a sua identidade cultural.

A fechar o Ciclo de Festivais de Cultura Popular de 2023 o ouro líquido do Vale da Teixeira estará em destaque no 1º Festival do Azeite do Vale da Teixeira, que decorre nos dias 18 e 19 de novembro, em Benespera, João Antão, Ramela e Vela.
Os Festivais de Cultura Popular 2023, promovidos pelo Município da Guarda, decorrem sob a organização de juntas de freguesia, coletividades e associações locais, com o apoio da Associação para o Desenvolvimento Integrado da Rede das Aldeias de Montanha (ADIRAM).

Programa de Festivais de Cultura Popular 2023
Festa do Chichorro

28 de janeiro
Vila Mendo
Desde tempos imemoriais que a matança do porco assumiu um papel de primeiro relevo na alimentação e, por consequência, na economia das comunidades rurais, pelas inúmeras possibilidades na feitura dos mais diversos tipos de alimentos, tão importantes ao longo do ano na sobrevivência das famílias. O porco tinha, até, uma importância capital na teia das relações sociais e nas dinâmicas comunitárias uma vez que, não raras vezes, servia para, de forma silenciosamente ruidosa, estabelecer ou (re)afirmar o estatuto de abastança, logo o estatuto social. Os fluxos migratórios das décadas de 60/70 e, inerentemente, o contacto com hábitos culturais diferentes, bem como a eletrificação das aldeias (1979) fizeram com que os hábitos alimentares mudassem sobremaneira. Deste modo a importância do porco na alimentação e nas dinâmicas comunitárias foi gradualmente perdendo visibilidade e, até, viabilidade. De forma a resgatar esta prática ancestral, a ACR Vila Mendo tem, de há vários anos a esta parte, promovido a Matança do Porco. Nos últimos anos com a particularidade de ser dada, em todo o processo, maior ênfase a uma “iguaria” que era feita em todas as matanças: o Chichorro. Há duas qualidades: o do “Coiro”, constituído, basicamente, pela carne entremeada cortada em pequenos pedaços e o do “Redanho”. Este apenas constituído pela gordura existente nas massas gordas do animal. A sua confeção é simples. A carne é introduzida em panelas de ferro diferentes e aí fritos na própria gordura que libertam. Apenas lhes é acrescentado sal grosso a fim de realçar o seu sabor. Quando já estão confecionados, são exprimidos para que o excesso de gordura seja libertado. Depois de arrefecerem podem ser comidos com uma fatia de bom pão centeio e um copo do melhor vinho tinto. Além do Chichorro, este ano será dada também importância a outra iguaria: a Morcela. Com a ajuda das gentes mais antigas, serão enchidas as morcelas, um dos enchidos mais populares da região.
Org. Associação Cultural e Recreativa de Vila Mendo

Festival dos Enchidos da Castanheira
25 e 26 de março
Castanheira

No concelho da Guarda, as morcelas de sangue, os farinheiros, as chouriças, o presunto e os buchos, são os enchidos que mais se produzem, todas estas iguarias são um repasto que identifica as gentes desta região. É no espírito de manter estas tradições que a Freguesia da Castanheira convida a visitar o Festival do Enchido onde será possível provar o melhor enchido da região.
Org. Associação da Juventude Ativa da Castanheira

Feira Concurso do Jarmelo
4 de junho
Jarmelo

Esta edição da Feira Concurso do Jarmelo continua a promover a partilha de experiências com os criadores da raça bovina autóctone, a Vaca Jarmelista, num cenário único como é o Castro do Jarmelo, que encerra entre as suas muralhas estórias de ferreiros, guerreiros e amores reais é uma experiência completa de sensações que remetem para o período da Idade do Ferro.
Org. Associação Cultural e Desportiva do Jarmelo

Jornadas da Lã
10 e 11 de junho
Corujeira – Trinta

Ao encontro de rebanhos e pastores que antecedia as a partida das ovelhas do flanco serrano, estão associadas as merendas tradicionais, os contadores de estórias e tocadores, que faziam desse dia um dos pontos altos do ciclo da pastorícia. A chegada do calor dita o dia em que nas cortes se juntam os rebanhos e os pastores para fazerem a tosquia, libertando as ovelhas da lã churra, que mais tarde dará origem aos cobertores de papa. Este é um dia de festa para todos os pastores que preservam as tradições ancestrais, pilar da Identidade desta comunidade.
Org. Associação Cultural Raiz de Trinta
Apoio: ADIRAM | Aldeias de Montanha

Viagem às Raízes
1 e 2 de julho
Arrifana
A malha do centeio e o teatro na aldeia: após o corte do cereal dourado e o seu transporte para a eira, seguia-se a malha, isto é, o centeio tinha de ser malhado para que o grão se separasse da espiga. Nas primeiras décadas do século passado era executado através da força manual, utilizando-se para o efeito o mangual. Posteriormente, e com o aparecimento das malhadeiras, estas percorriam as eiras e nada ficava por malhar. Vieram substituir a força humana, passando os homens a ter um papel complementar ao trabalho da máquina, introduzindo o centeio à medida que esta processava a separação do grão da palha. Um trabalho comunitário de árdua tarefa, mas que, simultaneamente, trazia momentos de salutar convívio entre as boas gentes da aldeia. Paralelamente a esta recriação do quotidiano da comunidade da Arrifana, a aposta passará também por introduzir o teatro na Viagem às Raízes. Arrifana, de longa data é abordada como a freguesia onde os dramas ganhavam forma entre a população local. Desta feita, pretende-se viajar no tempo e transforma a aldeia num espaço de representação e de criação artística.
Org. Grupo de Cantares da Arrifana

Festival da Cestaria de Gonçalo
8 e 9 de julho
Gonçalo

Percorrer as ruas da vila de Gonçalo e conviver com artesãos que souberam preservar e revitalizar uma arte de reconhecido valor dentro e fora das nossas fronteiras é o mote para a dinamização de um conjunto de iniciativas capazes de promover e valorizar esta freguesia com a realização do Festival da Cestaria de Gonçalo.
Org. Associação Gonçalo Ativo

Festival do Peixe do Rio-Valhelhas em Festa
29 e 30 de julho
Valhelhas

Esta proposta vai ao encontro do desaparecido “Valhelhas em Festa”, romaria de três dias que era realizada, anualmente, no mês de agosto, e que teve quatro edições. Na praça Dr. José de Castro, estarão as tradicionais barraquinhas, onde os produtores locais poderão mostrar o que de melhor é produzido na região, dando a conhecer os seus produtos e iguarias, trazendo à aldeia os mais diversos curiosos e apreciadores. Sendo o tema principal o tradicional peixe do rio Zêzere, que banha as margens de uma das mais belas praias fluviais do país, a de Valhelhas, nesta edição existirá serviço de restauração devidamente regulamentado, onde o peixe será o ingrediente chave, cozinhado das mais variadas formas e sabores, homenageando este tão belo ser que habita nestas águas. A música e a boa disposição não vão faltar, promovendo também os costumes e tradições da região.
Org. Associação Spot Vale do Zêzere Valhelhas – ESPVAL

Festival Pão Nosso
5 e 6 de agosto
Videmonte

A iniciativa, que é já um êxito repetido há mais de uma década, é um elogio a todos os habitantes que não só preservam estes saberes ancestrais, como o transmitem de geração em geração, não deixando perder a identidade cultural e o sentimento de pertença que lhes está incutido. O pão e o ciclo que o fabrica são protagonistas deste festival.
Org. Associação Cultural e Social de Videmonte
Apoio: ADIRAM | Aldeias de Montanha

Festival das Mondegueiras
12 e 13 de agosto
Aldeia Viçosa – Vale do Mondego

Tendo como fio condutor as tasquinhas de rua, com ementas Mondegueiras, e o mercado de produtos agrícolas da região, pretende-se conduzir os visitantes pelas riquezas culturais destas freguesias. Do programa fazem parte diversas atividades, como demonstrações culinárias, provas gastronómicas, caminhadas por espaços de valor patrimonial, atuação de grupos musicais locais, entre outras iniciativas.
Org. Clube de Pesca e Caça do Mondego

Festival Cultural e Gastronómico da Pêra do Moço
“Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?”
19 e 20 de agosto
Rapoula

O galinheiro gastronómico, a exposição e venda de ovos e distintas raças de galináceos, o showcooking musical, animação de rua, o 1º Concurso do “Galinheiro Mais Bonito da Aldeia”, são as várias propostas deste festival. Como se costuma dizer na gíria: “Sem ovos não se fazem omeletes”, tudo bons motivos para fazerem uma visita e degustarem as mais variadas iguarias.
Org. Associação Cultural e Recreativa da Rapoula

Festival do Cobertor de Papa
9 e 10 de setembro
Maçainhas

Os cobertores de papa identificam esta região e ainda hoje fazem parte do quotidiano dos pastores. – Uma tradição arcaica cuja origem se perde nos tempos e que ainda hoje permanece. O cobertor de papa é uma manta tradicional da Serra da Estrela, de fabrico manual a partir da lã churra, retirada das ovelhas da raça autóctone portuguesa – a designada churra mondegueira. Existem diferentes cobertores de papa, de acordo com os padrões e cores usadas: manta do pastor, manta lobeira, cobertor bordado, entre outros. Trata-se, pois, de um agasalho natural de grande qualidade que, para além de ainda ser usado por muitos portugueses e conhecedores das qualidades deste produto, também é aplicado em decoração, com ou sem pelo. Encontra-se em vias de extinção, sendo apenas produzido em Maçainhas, de forma artesanal mantendo-se fiel à cultura e às tradições.
Org. Associação Genuino Cobertor de Papa

Festa do Saber e Sabor da Marmelada
21 e 22 de outubro
Marmeleiro

Há muitas e variadas maneiras de fazer marmelada, mas a verdadeira ciência começa logo no marmeleiro e no marmelo. Os tachos em cobre também entram na festa e são os mais indicados para fazer marmeladas e outros doces. A Festa do Saber e Sabor da Marmelada visa a promoção, divulgação e valorização da marmelada e outros derivados, bem como do património histórico, cultural e gastronómico desta freguesia.
Org. Centro Cultural e Social do Marmeleiro

Festa da Castanha
28 e 29 de outubro
Aldeia do Bispo

O Festival da Castanha pretende contrariar a desertificação cultural e económica, (re)inventar formas de revitalizar e dinamizar os espaços/lugares construídos e antigos, promover e divulgar o Museu da Castanha, incentivar novos produtores e proporcionar-lhes conhecimentos na área, através de colóquios e experiências, facilitar a comercialização de produtos da terra, mostra e degustação de doçaria e outros menus ligados a este fruto de Outono, a castanha, potencializando a economia local. É também uma homenagem a esta espécie endémica da região, o Castanheiro, pela relevante importância que a mesma teve ao longo das últimas gerações na vida social das gentes de Aldeia do Bispo, nomeadamente na alimentação, na economia familiar, na medicina tradicional, na cultura, no artesanato e ainda na tradição oral e lúdica.
Org. Centro Social e Desportivo de Aldeia do Bispo

Festa da Castanha e da Jeropiga
4 e 5 de novembro
Famalicão da Serra

Este ano, a aposta convergirá na promoção, não só do produto endógeno em questão (a castanha e derivados), como também na cestaria em castanho de Famalicão da Serra. A envolvência de toda a comunidade na preparação desta festa é uma marca da autenticidade e do sentido comunitário. No dia de S. Martinho, os rapazes juntam-se e partem para o campo à procura de caruma e lenha para fazer um grande magusto na praça central, as castanhas assadas acompanham a jeropiga e a folia invade cada canto da povoação.
Org. Cultural de Famalicão da Serra
Apoio: ADIRAM | Aldeias de Montanha


Festival do Azeite do Vale da Teixeira
18 e 19 de novembro
Benespera, João Antão, Ramela e Vela

A programação contempla a participação na apanha da azeitona, visitas ao lagar de azeite, aos fornos Comunitários e aos mercadinhos onde poderá adquirir os produtos locais como azeite, mel, compotas e pão. De entre os destaques gastronómicos, realce para as degustações de azeite, para as torradas [de azeite], a lagarada, e o almoço de caça. No programa do festival, o azeite também é pretexto para conversas e debate com a organização das 1ªs Jornadas do Azeite do Vale da Teixeira.
Org. Associação Move Beiras


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