China e Brasil vão vender sabor português

Produtos agroalimentares nacionais destacam-se pela inovação e vão promover-se nos supermercados chineses e brasileiros. Empresas querem fornecer redes estrangeiras. Vários produtos portugueses estarão à venda em supermercados brasileiros e chineses no próximo ano, numa iniciativa da PortugalFoods, associação dedicada à internacionalização do sector agroalimentar, que junta 79 empresas lusas e 11 entidades científicas. “Já estamos […]

Produtos agroalimentares nacionais destacam-se pela inovação e vão promover-se nos supermercados chineses e brasileiros. Empresas querem fornecer redes estrangeiras.
Vários produtos portugueses estarão à venda em supermercados brasileiros e chineses no próximo ano, numa iniciativa da PortugalFoods, associação dedicada à internacionalização do sector agroalimentar, que junta 79 empresas lusas e 11 entidades científicas. “Já estamos a articular-nos com o Pão de Açúcar, no Brasil, e a falar com os chineses da City Shop, que também querem. Será venda pura e dura, com retorno para as empresas”, avança a diretora executiva da PortugalFoods, Ondina Afonso, em entrevista ao SOL, embora ainda não haja datas nem previsões de ganhos. Por agora, está a decorrer uma ação idêntica em Andorra. Nas prateleiras das lojas Mercacenter, desde 17 de Setembro e até 13 de Outubro, estão 300 produtos portugueses, de 23 empresas. Se correr bem, algumas poderão tornar-se fornecedoras da retalhista. “Esta ação promocional é como um período experimental, um ensaio. E também vai ser assim no Brasil e na China”, reforça, indicando que, por exemplo, no caso da rede chinesa – que tem lojas em Xangai e Pequim – 80% dos produtos são estrangeiros e gourmet, e os principais clientes são expatriados. Já o Pão de Açúcar tem mais de 165 supermercados no Brasil, que servirão de montra. “A recetividade dos produtos portugueses lá fora é boa. Procuramos a comida mais pela experiência, pela parte intangível. E Portugal está a tornar-se numa nova experiência de consumo”, assegura a diretora, referindo o azeite, o tomate ou os vinhos. “Recebemos uma importadora russa que só queria produtos artesanais – o presunto fumado, certos enchidos”, exemplifica. Houve também um belga dono de uma rede de lojas de produtos étnicos que passou a importar bolo-rei e um indonésio que se deliciou com as conservas lusas e começou a vendê-las do outro lado do mundo. “No estrangeiro, Portugal distingue-se por ter gente honesta, credível e flexível. E ser pequeno não é uma desvantagem. Uma empresa pequena é capaz, a nível da linha de produção, de se adaptar mais facilmente do que uma grande multinacional”. A inovação é outro dos trunfos da PortugalFoods, cujas associadas, entre as quais, a Cofaco, Cerealis, Fabridoce, Imperial ou Primor, representam 2,5 mil milhões de vendas, 500 milhões em exportações e 9.000 empregos. E a aposta tem sido na linha da saúde e bem-estar (produtos funcionais, para intolerantes à lactose, sem sal) e na da conveniência (snacks saudáveis, barras de fruta). Mas Ondina Afonso também não deixa de apontar fragilidades ao sector, que, no total, gera um volume de negócios de 12 mil milhões de euros, exporta 5 mil milhões e emprega 110 mil pessoas. “Há dois mundos que têm de se tornar um só. Há uma indústria transformadora, altamente competitiva e inovadora; e uma agricultura onde também já há casos tecnológicos, mas em que a grande parte ainda não é, devido ao passado, em que houve prémios para as pessoas não produzirem”, alerta. “A agricultura está a perceber que tem de se ligar à agro-indústria. E a agro-indústria já percebeu que terá mais-valias se, em vez de importar, for buscar à produção nacional. Mas a produção nacional precisa de ser reforçada”, defende.

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