Centenas de peixes aparecem mortos na Barragem da Talagueira em Castelo Branco

Centenas de peixes apareceram mortos durante a última semana na barragem da Talagueira.

A Barragem, que está concessionada à Associação de Pesca Albipesca desde 2009, é frequentemente utilizada para concursos de pesca, organizados pela própria associações e por outras associações da cidade, e não só.

Manuel Damas, presidente da Albipesca é o rosto do desalento ao olhar para as águas sujas e os peixes mortos, “é um soco em tudo o que andámos a construir e a defender ao longo dos últimos anos” desabafa.

Na passada terça-feira, dia 10, os sócios perceberam que algo de anormal se passava com a água, pois os peixes começam a andar “muito aflitos ao cimo da água, à procura de oxigénio”. Na quarta-feira começaram a aparecer os primeiros exemplares mortos, “mas esta não é a primeira vez que os peixes andavam aflitos, ao ponto de não haver capturas, porque os peixes quando têm problemas de respiração, deixam de comer, e não vão ao isco” explica o presidente da Albipesca.

Com esses sinais, há já umas semanas, os membros da associação percorreram a barragem, “as entradas de água” e nada de estranho foi encontrado, “chegámos a pensar que fosse do frio”. Na altura a Associação chamou o SEPNA – Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR ao local, “mas não foram encontrados indícios de nenhum crime ambiental” acrescenta Manuel Damas.

Desta vez o SEPNA esteve por duas vezes no local, na quarta e quinta-feira, recolhendo provas, “levaram amostras de água, peixes mortos, outros ainda vivos, para investigar e tentar descobrir quem foi o causador desta catástrofe”.

Para além dos peixes moribundos e mortos, o cheiro nauseabundo que se fazia sentir no local e a presença de bando de gaivotas, são para Manuel Damas indícios claros de poluição, “hoje em dia estes bandos de gaivotas estão junto às lixeiras, nunca aqui estiveram, hoje estão aqui porque a água está poluída e há poluição nas margens da barragem”.

Manuel Damas e vários sócios da Albipesca têm passado os dias no local, percorrendo as margens para apanhar e enterrar os peixes mortos, e ficam chocados com os achados nas margens da barragem, “temos encontrado de tudo, parece que recuámos no tempo, quando os esgotos corriam a céu aberto para as linhas de águas. Sinceramente não conseguimos perceber o que aqui aconteceu, mas fosse o que fosse, foi uma coisa em grande tendo em conta os estragos que fez”.

Para Manuel Damas, a barragem deverá ficar interdita à pesca durante os próximos meses, “a menos que venha uma forte chuvada que faça uma renovação das águas”.

Na barragem existem várias espécies de peixes, Carpas, Barbos, Peixes Gato e Pimpões. Para além das centenas de peixes mortos na barragem, outras espécies existentes no local poderão vir a sofrer consequências com esta poluição, “este era um local muito aprazível, com agua limpa e sem poluição, por isso há aqui algumas espécies que até se encontram em vias de extinção e que nós ajudamos a preservar, é o caso dos Cagados, Mergulhões, Rãs, Lontras, Pica-peixes, Galarões e Galinhas de água, o impacto que isto vai ter em todas essas espécies estou convencido que vai ser algum, só o tempo o dirá”.


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