Câmara de Almeida investe 860 mil euros em dois projetos no setor do turismo judaico

A Câmara Municipal de Almeida anunciou, na passada sexta-feira, que vai investir 860 mil euros em dois projetos integrados na Rede de Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, a executar em Vilar Formoso e na freguesia de Malhada Sorda.

Segundo o autarca António Baptista Ribeiro, na fronteira de Vilar Formoso, junto da estação ferroviária, em dois antigos armazéns da Refer, será instalado o museu “Vilar Formoso Fronteira da Paz – Memorial aos Refugiados e Cônsul Aristides de Sousa Mendes”, que vai custar 800 mil euros. Em Malhada Sorda, será reconstruído o edifício da antiga Esnoga, que está em ruínas, com um investimento global de 60 mil euros. Ambos os projetos são apoiados pelo Estado Português e pelo EEA Grants “2009-2014”, um mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA) através do qual a Noruega, Islândia e o Liechtenstein financiam diversas áreas prioritárias de ação junto dos países beneficiários do Fundo de Coesão da União Europeia. António Baptista Ribeiro anunciou, na passada sexta-feira, que o projeto do museu de Vilar Formoso, pensado para aquela vila fronteiriça por a Linha da Beira Alta estar associada ao antigo cônsul de Portugal em Bordéus, e os refugiados terem entrado em Portugal de comboio, está a ser ultimado e pode ficar concluído “no princípio de 2016”. O outro investimento, de menor dimensão, está em condições de avançar para concurso público de execução e a obra “poderá estar terminada em julho ou agosto de 2015”, disse. O autarca considera que ambos os projetos são importantes para o desenvolvimento do setor turístico local. “O turismo representa muito para nós, na criação de emprego e na atração de pessoas para o concelho”, disse na sessão pública de apresentação dos investimentos. O espaço museológico e documental previsto para Vilar Formoso, para além de evocar a memória do cônsul Aristides de Sousa Mendes, também será dedicado aos judeus e aos refugiados da 2.ª Guerra Mundial. A arquiteta Luísa Pacheco Marques disse que o museu “Vilar-Formoso fronteira da Paz – memorial aos refugiados e cônsul Aristides de Sousa Mendes”, será “um hino à vida” e assentará em conteúdos multimédia e interativos. Nos dois pavilhões da Refer serão instalados seis núcleos expositivos relacionados com as temáticas “Gente como nós”, “Início do pesadelo”, “A viagem”, “Vilar Formoso fronteira da paz”, “Por terras de Portugal” e “A partida”. O equipamento foi pensado para contar a História dos refugiados e “tentar que o visitante sinta na pele o que foi a vida do refugiado em 1940”, disse. Já o projeto “Esnoga de Malhada Sorda”, da autoria do arquiteto João Campos, permitirá a reconstituição de uma casa tipicamente beirã de meados do século XVI, que atualmente está em ruína e que os habitantes associam como tendo ligação à antiga comunidade judaica local. João Campos propôs ainda à autarquia de Almeida que edifique em Vilar Formoso, na rua da Moureirinha, um “Memorial ao acolhimento dos judeus em 1492, à fraternidade e à paz”.


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