Em declarações à agência Lusa, alguns motoristas profissionais admitem passar a abastecer os camiões em Portugal, se as empresas o determinarem, mas outros vão continuar a fazê-lo no país vizinho.
José Bernardo, camionista de uma empresa de Porto de Mós, disse hoje que concorda com a medida, mas que o desconto devia ser “em todo o lado”.
“Se estamos na Comunidade Europeia, porque é que os nossos vizinhos espanhóis têm o gasóleo a um preço e nós, portugueses, temos outro? Eu acho que devia ser tudo igual”, afirmou.
Em sua opinião, com os descontos praticados a partir de hoje será mais fácil os camionistas abastecerem em território nacional em vez de o fazerem em Espanha.
“Se o preço é igual já podemos abastecer em Portugal”, disse José Bernardo, que aguarda instruções da empresa para começar a abastecer em Portugal.
O camionista Nuno Rainho, que trabalha por conta própria, diz que não vai ter acesso ao desconto, que só será acessível “às firmas com alvará”.
Referiu à Lusa que a medida não terá grande utilidade porque as empresas “só vão receber o subsídio ao fim de oitenta dias”, defendendo que o desconto fosse efetuado “logo na altura”.
“Se querem dar o desconto às firmas de transportes deviam dar logo o desconto na altura. Quando abastecem [devem] pagar só o que têm direito”, opinou.
Rui Gaio, motorista e empresário de Constância, referiu que a sua empresa possui dois camiões frigoríficos e gasta “cerca de sete a oito mil euros” por mês em gasóleo.
O camionista contou que há vários anos abastece os veículos em Espanha e vai continuar a fazê-lo porque “os preços são mais baratos”.
“Continuamos a meter cerca de dois mil litros por semana. Vai ser assim na mesma”, assegurou hoje, de passagem por Vilar Formoso.
O período experimental do regime de gasóleo profissional para as empresas de transporte de mercadorias arrancou hoje em 55 postos de abastecimento de oito concelhos, em quatro zonas fronteiriças.
De acordo com fonte oficial do Ministério da Economia, a fronteira de Quintanilha terá 13 postos de abastecimento com gasóleo profissional, Vilar de Formoso 17, a fronteira do Caia 14 e a de Vila Verde de Ficalho 11 postos.
O gasóleo tem uma carga fiscal equivalente à praticada em Espanha, ou seja, elimina o diferencial de 13 cêntimos que existe relativamente aos impostos específicos sobre combustíveis.
Numa fase inicial e até ao final do ano, o regime do gasóleo profissional será testado em oito concelhos de quatro fronteiras com significativo movimento de transporte de mercadorias para em 2017 ser implementado em todo o país.
Segundo o novo regime, o reembolso do imposto sobre os combustíveis será efetuado pelos emitentes dos cartões frota, isto é, pelas gasolineiras, o que terá que acontecer no prazo de 90 dias, após a comunicação à Autoridade Tributária do respetivo abastecimento.