A principal reivindicação da Federação é o aumento dos apoios da PAC aos apicultores europeus.
«O orçamento da UE para os programas nacionais de apicultura deve ser aumentado em 47,8%, em consonância com o aumento do efetivo apícola, e a PAC pós-2020 deve incluir obrigatoriamente um regime de apoio direto aos apicultores, baseado no número de colmeias», afirmou João Casaca, técnico da FNAP.
Os apicultores europeus recebem apenas 3 milésimos do orçamento da PAC, ou seja, 36 milhões de euros (Portugal recebe 1,1 milhões de euros), verba que não é atualizada desde 2014.
Entre 2011 e 2014 o efetivo apícola da UE aumentou 47,8%, mas o valor de financiamento da UE subiu apenas 12%.
A produção de mel na UE é estimada em 243.000 toneladas e o consumo em 403.000 toneladas, o que deixa espaço para grande volume de importações.
A China é o principal fornecedor de mel à Europa (100.000 toneladas em 2015), exportando mel a preços muito inferiores aos praticados pelos produtores europeus, o que fez com que o preço do mel descesse para metade em 2016, comparativamente com 2014.
A qualidade do mel é outra das preocupações da FNAP, que reclama a adoção de procedimentos de análise laboratorial eficazes para detetar situações de adulterações, que são cada vez mais sofisticadas.
Em 2015, a Comissão Europeia ordenou testes centralizados ao mel nos Estados-membros e concluiu que 20% das amostras eram de mel adulterado.
Neste contexto, a FNAP exige que as regras e o controlo atuais sejam estendidos aos exportadores e embaladores de mel de países terceiros e recomenda a obrigatoriedade da indicação do local de origem do mel. «As menções “misturas de méis” ocultam totalmente ao consumidor a origem do mel que consomem», explica a FNAP.
Diversificação e Inovação na Produção Apícola
Em Portugal atingiu-se em 2016 um número recorde de 700.000 colmeias e os apicultores portugueses são cada vez mais profissionais. No entanto, devido às flutuações do preço do mel no mercado global e à instabilidade da produção, diretamente dependente das condições climáticas de cada ano, é necessário diversificar a produção, apostando em novos produtos além do mel.
A FNAP, em parceria com a Escola Agrária de Bragança, iniciou este ano o projeto “DIVINA- Diversificação e Inovação na Produção Apícola”, que visa incentivar os apicultores a produzir pólen, própolis, pão-de-abelha e apitoxina (vulgo veneno de abelha), com vista a aumentar a rentabilidade e garantir a sustentabilidade das explorações apícolas.
O projeto, que decorre até 2021, inclui 4 fases de execução: instalação de 3 apiários experimentais em Bragança, Vila Real e Lisboa; instalação de 6 apiários de aplicação; desenvolvimento tecnológico dos processos produtivos daqueles produtos da colmeia e elaboração de manuais técnicos e normas de qualidade para regulamentar a produção.
A própolis (substância resinosa obtida pelas abelhas através da colheita de resinas da flora da região, e alteradas pela ação das enzimas contidas em sua saliva), por exemplo, é um produto da colmeia com elevado poder anti-oxidante e anti-microbiano que tem diversas aplicações. O seu preço pode atingir 80€/kg. Uma das possíveis utilizações é o uso em recobrimentos comestíveis de frutas.
Durante o Fórum foi apresentado o projeto Re-Pear, que testou recobrimentos contendo própolis em peras Conference e Blanquilha, com resultados positivos na preservação da qualidade da fruta durante a fase de armazenamento.
A inovação tecnológica na gestão da exploração apícola também foi abordada no Fórum, destacando-se o projeto Smart Beekiping.
Investigadores do Instituto Politécnico do Cávado e Ave, em parceria com a FNAP e associações de apicultores locais, estão a desenvolver uma plataforma inteligente integrada – sBee – para controlo da atividade apícola.
Esta ferramenta, baseada em sensores integrados nas colmeias e nos fatos dos apicultores, deverá permitir o registo automático das colmeias, autenticação de apicultores, registo e controlo in loco das operações de campo, entre outros.
Recorde-se que a apicultura é fonte de rendimentos primários ou suplementares para mais de meio milhão de cidadãos europeus e que o valor do setor apícola ultrapassa em muito o valor das suas produções, representando cerca de 14,2 mil milhões de euros, já que 74% da produção alimentar depende da polinização das abelhas, que também contribui para a manutenção do equilíbrio ecológico e diversidade biológica.
O XVIII Fórum Nacional de Apicultura foi coorganizado pela FNAP e as suas associadas Aguiar Floresta, Capolib e Montimel, e teve a participação de cerca de duas centenas de apicultores.