O nome de António Guterres está gravado numa placa de xisto, no Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa por, há 25 anos, ter tomado a decisão de parar a barragem do Côa quando era primeiro-ministro, o que permitiu criar o Parque Arqueológico do Vale do Côa, elevar as gravuras a Património Mundial e construir o Museu.
“É um momento extremamente agradável, sinto-me humilde porque acho que o que se fez é exatamente o que devia ser feito. Acho que não mereço ser homenageado por isso, mas, ao mesmo tempo (estou) satisfeito com esta realidade magnífica que é o Vale do Côa”, partilhou Guterres com os jornalistas, após o descerramento da placa de xisto com o seu nome e perfil, na entrada do auditório do museu que passou a ter o seu nome.
A homenagem foi integrada na sessão comemorativa dos 10 anos do Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda, e dos 25 anos da criação do Ministério da Ciência e Tecnologia (1995-2020).
Na sessão, o presidente da Fundação Côa Parque, Bruno Navarro, destacou que com a decisão histórica e “corajosa”, António Guterres “deu uma lição ao mundo que ainda hoje é saudada e serve de inspiração nas mais diversas latitudes”.
“A homenagem singela que hoje fazemos ao Engenheiro António Guterres, inscrevendo o seu nome e perfil em rocha de xisto, tal como fizeram os nossos antepassados desde há 25 mil anos, esperando que ela aqui perdure, pelo menos, pelos próximos 25 mil, além de servir de reconhecimento público que é da mais elementar justiça”, afirmou.
Bruno navarro acrescentou que a mesma “corresponde inteiramente ao sentimento generalizado de agradecimento das populações que habitam no Vale do Côa e Douro Superior”.
A esta homenagem associaram-se vários ministros e outros membros do Governo, representantes da Assembleia da República, instituições de ensino superior, investigadores, autarcas e outras figuras associadas aos projetos da Arte do Côa.
O Museu do Côa começou a ser pensado logo nos primeiros dias da polémica da construção da barragem, no Baixo Côa, em 1995, mas foi apenas após a classificação da Arte do Côa como Património Mundial, em 1998, que o Governo português se comprometeu com a construção de um grande museu.
O primeiro projeto do Museu do Côa (1998) esteve pensado para o local do paredão da barragem do Baixo Côa, entretanto abandonada. Porém, por decisão governamental, o atual museu ganhou corpo em novo local, junto à foz do rio Côa.
A obra iniciou-se em janeiro de 2007 e o museu foi inaugurado em julho de 2010.
O projeto de arquitetura é da autoria da dupla Tiago Pimentel e Camilo Rebelo, muito inspirada na “Land Art”, integrando-se em harmonia na envolvente, quer na volumetria, quer assimilando cores da paisagem e a sua luminosidade.