Na escola, onde a importância da leitura deve ser perpetuamente “comemorada”, os docentes e discentes devem caminhar lado a lado, bem como usufruírem de uma cristalina consciência de que a leitura irá patrocinar uma escrita deleitosa

É no ambiente familiar que se deverá desenvolver a primeira estratégia para estimular o apetite da leitura, todavia se a mesma usufruir de uma função proeminente na escola é muito provável que as famílias fiquem entusiasmadas e consigam implementar, e aperfeiçoar, as desejáveis rotinas de “erudição”. Ao lermos um determinado texto fundamos uma conversação entre tudo aquilo que conhecemos, percebemos e sabemos, e tudo aquilo que o texto agasalha. Nesta configuração, não só outorgamos significação e compreensão a todas as leituras que fazemos, como também empregamos, de uma forma equilibrada e correcta, os expedientes argumentativos e “lógicos” que amparam a nossa interpretação e visão sobre determinada conjuntura.

Na escola, onde a importância da leitura deve ser perpetuamente “comemorada”, os docentes e discentes devem caminhar lado a lado, bem como usufruírem de uma cristalina consciência de que a leitura irá patrocinar uma escrita deleitosa. A escola deve ter como principal prioridade a efectiva aprendizagem da leitura, sabendo que o caminho, numa primeira fase, será o de aprender a ler, para posteriormente, e numa segunda fase, o aluno ler para aprender. Em muitos estabelecimentos de ensino, os discípulos são conduzidos para leituras e escritas previamente, e exageradamente, padronizadas, aquilatadas e “localizadas”. Logo, é provável que o aluno leia e escreva tendo em conta aquilo que ele imagina que o professor gosta. Contudo, esta disposição acarreta o enfraquecimento, não só da capacidade de escolha, como também dos índices de autonomia.

É essencial que os professores ofereçam e exijam aos alunos textos diferentes, para que os mesmos progridam e se desenvolvam na direcção da permanente interpretação pessoal. A leitura na escola nunca deve ser entendida como um mera e única ferramenta de alfabetização, uma vez que a mesma deve dotar o aluno de um forte senso crítico que lhe permita prosperar na vida, tendo sempre em conta a interpretação e o acompanhamento das transformações tecnológicas, políticas, educacionais, culturais e sociais. Ler um texto não deve ser unicamente descrito como um simples acto de descobrir ou descodificar significados. A leitura também consiste em “renacionalizar” significados através do cruzamento de modernas ideias, imagens, conceitos, pareceres e opiniões.

Será justo afirmar que a acção de ler também não é propriamente uma empreitada acessível, uma vez que é exigido ao ledor um trabalho emotivo e inteligente de decomposição do texto. Necessitamos de uma identificação com a recreação intrincada dos símbolos, transformando a informação e o conhecimento, que parece banal na interpretação de um leitor escassamente crítico, num semblante simbólico, figurativo e rigoroso de divulgação da verdade popular.