Certamente haverá muitas soluções e medidas para amortecer o impacto desta realidade demográfica, mas se não se começar por algum lado a agir, sabemos onde vamos chegar, e a meta não nos pode deixar orgulhosos e muito menos conformados.

Portugal, é um pequeno país a esvaziar-se de pessoas. Tem mais de 2,2 milhões residentes maiores de 65 anos. É um valor que mede o nosso envelhecimento, que, como se sabe, constitui o maior desafio para a sustentabilidade do bem-estar social que alcançámos. Com o crescimento deste grupo etário, temos de repensar todo o sistema e aproveitar ao máximo o que deste grupo puder resultar: em conhecimento que pode e deve ser transmitido, em produtividade e em consumos específicos (sobretudo na saúde e lazer).

No outro grupo etário oposto, prosseguem diminuindo o número de residentes dos 0 aos 14 anos. São atualmente apenas 1,4 milhões, ou seja, quase metade do número de pessoas acima dos 65 anos, e consecutivamente, os residentes em idade ativa estão também em queda acentuada.

Em apenas 10 anos vamos naturalmente perder entre 350 mil a 400 mil habitantes. É como se a cidade de Lisboa desaparecesse em 10 anos… e o pior, é que não será Lisboa a desaparecer e sim muitas aldeias e vilas do interior, até perfazerem aquele valor de 350 mil a 400 mil residentes.

Vamos em 10 anos perder a população de dois distritos como o da Guarda. E a tendência prosseguirá muito para além dos 10 anos…intensificando-se mesmo. Já de 2010 até agora, em menos de uma década, perdemos 300 mil pessoas.

Se não estivéssemos todos mais preocupados com o telejornal seguinte do que com a geração seguinte, todas as políticas públicas teriam este tema como transversal e primordial.

Certamente haverá muitas soluções e medidas para amortecer o impacto desta realidade demográfica, mas se não se começar por algum lado a agir, sabemos onde vamos chegar, e a meta não nos pode deixar orgulhosos e muito menos conformados.

Em 10 anos não nascerão mais de 800 mil portugueses e, pelo contrário, serão muitos mais os que vão perecer (mais de metade dos 2,2 milhões que agora têm mais de 65 anos, certamente).

Por isso, temos mesmo que fazer algo. Por exemplo:
Temos de conseguir que o aumento da esperança média de vida o seja em vida saudável dos cidadãos, de modo a que possam continuar também a contribuir para o produto nacional.
Temos de ter políticas públicas integradas de promoção da natalidade, com reorientação do quadro tributário e campanhas pró-natalidade.
Temos de estudar os bons exemplos e fazer nossas essas boas práticas internacionais, que as há.
Temos de ter políticas ativas de atração de emigrantes.
Temos de convencer luso-descendentes a voltar.
Temos mesmo!!

Fonte: Pordata | Elaboração Pópria