Os subsídios, muitos deles providos de suor, transportaram a agricultura para uma cada vez mais espessa dependência sem que nesse encadeamento desabrochasse qualquer fidedigna compensação.

Em Portugal também existiu, promovido pela maior parte das Autarquias, o urbanismo selvagem que como o nome indica não albergava fragrâncias de controlo, autodomínio e fiscalização. Esta situação também transportou a exterminação, inviabilização e desordenamento de gigantescos espaços agrícolas. Com a eliminação da estrutura produtiva e a concentração da população na “cinta” litoral, o interior rural ficou com uma população envelhecida que vive, ou melhor sobrevive, com o apoio da Segurança Social e de exíguos subsídios. Será que esta conjuntura não aconchega enormes custos económicos, culturais, sociais e ambientais?


Como é do conhecimento geral, a Política Agrícola Comum (PAC), naquilo que é referente ao auxílio dos mercados, privilegiou ininterruptamente certos produtos, designadamente cereais, comparativamente a outros, nomeadamente azeite e vinho. Esta conjuntura provocou que o apoio comunitário aos Países, territórios e produtores variegasse conforme a sua “estrutura” de produção. Será que esta conjunção foi plenamente justa? Será que a penalização sobre determinados Países não condicionou para sempre a agricultura dos mesmos? Será que esta situação não foi responsável pelo esmorecimento da própria especialização produtiva de alguns Países? Será que a PAC não aquartelou consequências de cariz bloqueador para a reconversão, reestruturação e reorientação da produção de produtos para mercados supostamente mais magnéticos e para benefícios competitivos potenciais?


Os subsídios, muitos deles providos de suor, transportaram a agricultura para uma cada vez mais espessa dependência sem que nesse encadeamento desabrochasse qualquer fidedigna compensação. Os sectores, nos quais foram injectadas estas “ferramentas” encontram-se cada vez mais represados e pálidos, havendo nos mesmos menos doses de inovação, eficiência, produtividade, pigmentação e proficuidade. Portugal e os portugueses são pobres. Infelizmente, não foram edificados mananciais de rendimento que colmatassem as desafogadas insuficiências. Será que para compreender este cenário não é indispensável cotejar o desempenho de Portugal com o de outros Países de dimensões, texturas e organizações similares? Será que não é totalmente inconsequente, e até surreal, falar de confluência entre Portugal e as economias mais desenvolvidas da Europa?


Presentemente Portugal não hospeda capacidade para competir com Países que antigamente eram claramente mais atrasados, retardados e subdesenvolvidos. Portugal jamais pode crescer somente no seio da “tranquilidade de espírito”. Para progredir, Portugal tem forçosamente que criar e amamentar uma economia vocacionada para o exterior. A economia portuguesa, através da concepção e venda de produtos e serviços, tem de ser disseminada para mercados substancialmente mais espaçosos que possam suportar esse mesmo desenvolvimento. Vender para o exterior implica necessariamente ser competitivo!


Torna-se fundamental catapultar a verdade, elucidando os cidadãos sobre a diversidade de ocupações e contextos que os agricultores agasalham no desempenho da sua actividade, assim como o conjunto de dificuldades com que os mesmos se deparam diariamente. Os sucessivos Governos colocaram certamente em risco, e provavelmente em configurações irrecuperáveis, o crescimento rural, a concatenação territorial e o rejuvenescimento agrícola. Será que esta conjunção não contribui para a amplificação da nossa subordinação em relação à maioria dos outros Países?
A PAC permitiu suportar, em configurações artificiais, os rendimentos dos agricultores. O dilema centra-se no desconhecimento sobre a totalidade dos custos adjacentes a esse ajustamento factício. Os “símbolos” de produção e de rendimento assinalam que com esse ajustamento não se confirmou o incremento dos índices de competitividade da agricultura portuguesa. Na realidade, as nossas empresas agrícolas remodelaram os seus sistemas, arquétipos, dispositivos e mecanismos de produção em resposta às mensurações da política agrícola, particularmente nas remunerações de carácter compensatório, mas nunca perspectivando a indispensabilidade de no futuro terem de competir num intricado mercado europeu.


Actualmente a fundamentação e a deducional aplicação dos apoios públicos já não agasalha como finalidade capital a produção compreendida de modo indiferenciado e quantitativo. A produção necessita de aquartelar padrões de diferenciação e de qualidade nos formatos elementares das condições, dos agentes e das superfícies tecnológicas aplicadas na mesma. O consumidor contemporâneo procura entender e envolver em que dimensões o agricultor lhe concede um serviço através da produção de produtos singulares, seguros e de qualidade. Torna-se fundamental o desenvolvimento de projectos e estratégias que patenteiem contribuições concretas não só para a satisfação dos consumidores de produtos agrícolas, como também para a produção de produtos com qualidade, certificação e segurança alimentar, e para o emprego de modelos e instrumentos que objectivem a protecção, consolidação e manutenção dos recursos naturais. Será que a procedência, o estilo de produção e o protótipo de transfiguração dos produtos não constituem requisitos importantes para os cidadãos? Será que não há uma tela de conjunções específicas, em relação aos recursos naturais e conhecimentos técnicos, que precisa de ser promovida, disseminada e aperfeiçoada?