Na televisão, a propósito do despovoamento (a que alguns jornalistas teimam erradamente em designar por desertificação, quando esta respeita a ausência de vida e o despovoamento apenas se refere à ausência de vida humana) fala-se de um concelho algarvio que tem apenas 5 habitantes por cada quilómetro quadrado. É o Concelho de menor densidade no continente. E o futuro desse Concelho no atinente a residentes não é promissor, pois nasceram no ano passado apenas 7 crianças o que significa que daqui a duas gerações poderão não viver em todo o Concelho mais do que 500 pessoas.
Em 2016, morreram em Portugal mais 23 409 pessoas do que as que nasceram e emigraram mais 8 348 pessoas do que as que imigraram (Fonte: Pordata). Ora, este saldo representa menos 31 757 pessoas no ano findo. A título comparativo, é como se uma cidade do tamanho da nossa capital de Distrito, a Guarda, tivesse desaparecido do país num só ano. E é assim em cada novo ano…
Municípios como o que a televisão apresentou há, infelizmente, muitos. Muitos em que já não nascem crianças para uma só turma para a escola – e isto em todo o concelho – ou quando muito nascem crianças para uma ou duas turmas escolares, em municípios que hoje têm milhares de alunos nos seus agrupamentos educativos. Mais de duas centenas de municípios vivem este sufoco da falta de gente e de baixa natalidade.
O despovoamento demora anos a inverter, gerações, mesmo, mas o combate ainda nem sequer começou. Para já ele vai ganhando e vai-se acentuando a dimensão da “terra queimada” onde a densidade populacional é diminuta. Se há matérias que merecem compromisso alargado na nossa sociedade esta é seguramente a mais premente.
No gráfico infra, o Dr. Pedro Pimenta aponta uma tendência algo assustadora ali para meados do século…
Convido o leitor a olhar para o gráfico, a ver quantas pessoas nasceram no seu ano de nascimento e quantas nasceram no ano passado e quantos vão nascer nos anos projetados, se a tendência não for interrompida ou invertida. Dá para pensar…