Exponho uma série de pensamentos turvos. Cruz hipotética com alguns adjectivos.

Homens malvestidos de olhares sem esperança andam pelas ruas da cidade. Debaixo do frio, da névoa, dos risos e dos ruídos constroem o seu leito. Estradas de vida construídas com insanidade e sem intensidade. Abandono, fome, miséria, tristeza e infortúnio produzem um triste efeito.


As pedras da calçada e a lua sabem o meu nome, gostava tanto de rir e fulgurar. Não existe pior punição do que respirar sem luminosidade nem tranquilidade. O silêncio desalumiado não me deixa curar, nem adormentar. Estão longe as guitarras pigmentadas a sons de afabilidade.
Tombámos de joelhos e as histórias do nosso corpo são autênticas dilacerações. Ardo no fogo do mal e tento afogar as melancolias nas luzes da rua. Nem um sol de fim de tarde consigo ser, sou um pedaço de carne crua. Homens desemparelhados esperam pela sopa dos pobres sem mais aspirações.


Exponho uma série de pensamentos turvos. Cruz hipotética com alguns adjectivos. Libertar almas do sufoco existencial. Preciso que me coloquem o braço no ombro e valorizem o meu potencial.


O espaço até ao fundo é tão exíguo. Não sei quando a noite ou o dia me levam, pois tudo é tão ambíguo. O bem-querer está tão distante. O sofrimento tão presente.


Estou farto das tradições que me obstruem o raciocínio. Escolta-me até ao leito já não tolero mais este declínio. Armazena na cama os meus excedentes mortais. Já passaram por mim inúmeras conversas banais e muitos Natais.