Os espaços de cultura têm forçosamente que estar atentos às metamorfoses sociais, às necessidades colectivas e às novas manifestações culturais.

O Centro Cultural da Guarda nasceu em 17 de Novembro de 1962. Tem estatutos aprovados por despacho ministerial com data de Janeiro de 1963. Possui o estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública, por despacho do Sr. Primeiro Ministro, publicado em Diário da República de 10 de Maio de 1986.


O Centro Cultural da Guarda é constituído por várias valências como sejam o Conjunto Rosinha, a Escola de Música e Ballet, o Conjunto 60 *, o Orfeão, o Rancho Folclórico, o Coro “Cantar Tradição”, e o Coro Infantil e Juvenil. Promove a “inclusão social” da região na “corrente” produtiva da cultura, presenteando todos os cidadãos com condições e disposições de acesso à inventividade e criatividade artística. Também contribui para o processo de amadurecimento profissional da classe artística.


A arte não dispensa as etapas de planificação, realização e avaliação do trabalho, assim como as estratégias de captação de recursos, tomada de decisões difíceis, acções de comunicação, prestação de contas e análise do impacto social. A arte necessita de um processo de aperfeiçoamento pertinaz que felizmente está fora do imediatismo comercial e somente conquista resultados de sublimidade ao fim de um longo período de tempo. A cultura outorga um contributo colossal para a melhoria da qualidade de vida das comunidades.

O Centro Cultural da Guarda torna as pessoas esteticamente mais exigentes, educa artisticamente, simplifica o ingresso à produção da cultura, incrementa o apetite de aprender, democratiza o acesso à invenção e concepção, robustece os vínculos sociais, desperta a criatividade e estreita o hiato cultural entre os grupos sociais, marginalizando, ininterruptamente, os contextos inflexíveis, imorais e perversos inerentes aos preceitos do mercado de consumo. A cultura de massa, altamente industrializada, estandardizada e edificada com a finalidade do consumo e do lucro, não se identifica minimamente com o Centro Cultural. A cultura que efectivamente necessita de um espaço ou de uma casa para si é precisamente aquela que germina da inquietude, do desassossego, do conhecimento, da meditação, da capacidade de criar e do verdadeiro “sentimento de pertença”.


O Centro Cultural ajuda-nos a cumprir a nossa identidade e a fugir à escravatura contemporânea. É uma casa disseminadora de conhecimento que perfilha o equilíbrio, protege as nossas memórias, promove o diálogo, estimula a reflexão e abraça a imaginação. O Centro Cultural faz-nos respirar, compreender, meditar, acreditar, crescer, beber erudição, soltar o riso e o grito, abandonar o açaime e erigir o nosso interior.


Os espaços de cultura têm forçosamente que estar atentos às metamorfoses sociais, às necessidades colectivas e às novas manifestações culturais. O Centro Cultural da Guarda promove toda a região da Guarda, saliento a importância do mesmo nos cabimentos da dança, da música e do canto. Este papel, que inclui a transmissão de valores culturais para o futuro, acaba por permanecer ao longo dos tempos, de modo intergeracional, com a constante e benigna partilha entre avós e netos. O temperamento formativo e educativo do Centro Cultural assume uma enorme relevância. As crianças e os jovens que frequentam a Instituição, ao mergulhar nas configurações de arte, estabelecem ligações fundamentais para o vindouro e ficam certamente melhor preparadas para novos reptos.


O Centro Cultural da Guarda, a maior organização de associativismo cultural existente em toda a região centro do País e uma das maiores de Portugal, tem duas vertentes distintas. A primeira, na qual estão encaixadas as escolas de música, e as escolas de ballet e danças modernas. A segunda vertente está intimamente relacionada ao associativismo.


Infelizmente a conjuntura pandémica que vivemos impossibilitou que as diversas valências participassem, tal como nos anos anteriores, em inúmeros espectáculos e festivais, do norte ao sul do País, ilhas e estrangeiro. A época natalícia também vai ser bastante diferente das anteriores, pois as iniciativas foram canceladas.


Estar embrulhado no universo associativo é um incessante, saboroso e pigmentado desafio. Apesar de todas as dificuldades, o Centro Cultural da Guarda, o maior embaixador itinerante da cidade da Guarda e de toda a região, continuará a fazer jus ao lema “Pela Guarda, Pela Arte e Pela Cultura”. O Centro Cultural é um verdadeiro estímulo à acção cultural compreendida como processo. É para mim uma honra fazer parte da Direcção de tão nobre Instituição! Parabéns Centro Cultural da Guarda!