Forçados a abandonar a sua terra, tanta mágoa
Labirinto desprovido de carinho, amizade ou amor
Não há qualquer luz ao fundo do túnel, colossal desumanidade
Homens sem rumo e melancolia infinita.
Ausência de pátria, liberdade, sorriso e justiça
Sair de uma guerra e ingressar noutra
Paradoxo da Geopolítica Mundial que me tira o sono e o sossego
Convoquem as incertezas e os pensamentos, sentenciem as razões.
Desassossego, perseguição, insularidade e raiva
Perpetuar o desastre, a derrota e o vento forte
Novos formatos de prepotência, oceanos, ilhas e sereias de encanto vazio
Explicar o inexplicável, o tempo arrefece.
Sociedade desigual e desarrumada, famílias destruídas
Nuvens carregadas e um trovejar de explosivos
Paisagem desenhada a lágrimas e o sol que teima em não aparecer
Fazer do caminho um lugar.
Náufragos dos tempos túrbidos, tamanha imoralidade
Corpos de arremesso e travessias incessantes
Barcos à deriva e portos fechados
Água que bate e volta a bater neste mar sem fim.
Rostos de desalento, povos oprimidos, dilacerados e esmagados
Despotismo, sofrimento, impiedade e cobardia
Silêncio em trajes de guerra, um gélido inferno
Humanidade vil, feroz e canibal.
Rio sem nascente conhecida ou precisa
Muros que recentemente e perfidamente foram erguidos
Dúbias referências temporais e espaciais
Evulsão de individualidade na parca cadência dos passos.
Notícias fatais e tablóides necrófagos, tudo tão escuro
Hipocrisia das lágrimas, moldura impalpável de desenraizamento
Amuleto do azar, portão sem edifício e esperança esmorecida que se apaga
Chegar, sonhar e acreditar, infelizmente ainda não são opção.