Toda a gente já ouviu falar nas teorias da conspiração associando-as à presença de movimentos clandestinos que eventualmente acabam por provocar avultados prejuízos e volumosas “demolições” às populações.

No fundo, essas teorias patenteiam as condutas de arquitectar sigilosamente, e em “consórcio”, diversos arquétipos pérfidos, procurando granjear finalidades preestabelecidas. As teorias da conspiração conquistaram elevados patamares de visibilidade, significância e importância nas últimas décadas do século XX, quando se metamorfosearam num autêntico, e talvez pardacento, fenómeno de massas. As nações procuram recursos e salvaguardas, sempre na perspectiva da “configuração” mundial, em volumetrias muitíssimo superiores àquelas que seriam legítimas tendo em conta a sua extensão geográfica ou demográfica.

Na realidade, facilmente se constata que existe bastante procura de informação sobre o assunto, contudo, e de forma simultânea, também observamos que efectivamente existe uma oferta, procedente de nascentes credíveis, muito exígua. De que forma germinam as teorias da conspiração? De que modo se multiplicam? Como é a “silhueta” daqueles que as vulgarizam? Quem as escolta?

Num período inicial, as teorias da conspiração, devido às emoções, agitações e fragrâncias sedutoras que acondicionam, acabam por enfeitiçar as populações, despertando nas mesmas sensações de posse sobre algo confidencial que não está ao alcance de todos. As teorias da conspiração constituem superfícies brumosas e perigosas. O vocábulo conspiração tem como sinónimos as palavras trama, complô, intriga e maquinação. Será que devemos desvalorizar as teorias da conspiração?

Os países considerados como potências mundiais outorgam uma colossal relevância às teorias da conspiração, agasalhando estruturas, como por exemplo os serviços secretos, altamente especializadas nesse cabimento. Qual a verdadeira função que desempenham esses serviços? Será que os mesmos são profícuos para a sociedade em geral? Será que não estão unicamente ao serviço de algumas ideologias? Será que esses serviços não “patrocinam” algumas teorias da conspiração? Será que nos defendem das mesmas? Será que os propósitos dessas teorias não estão profundamente associados às “contingências” da aplicação de poder? Será que os cidadãos não devem recear e desconfiar dos comportamentos e procedimentos furtivos dos serviços de inteligência estrangeiros quando acontecem tragédias, calamidades e adversidades que abrangem as “repartições” estratégicas de soberania nacional? Será que esses serviços não vindimaram já muitas vidas de pessoas inocentes? Será que é ilegítimo suspeitar dos administradores, políticos, economistas, juízes e legisladores que permanentemente afirmam estar tudo dentro da regularidade? Será que os portugueses não devem desconfiar da instilação, por parte das organizações flagiciosas, em empreendimentos tenebrosos, nomeadamente os de interesse público que teimam em nunca ser honestos? Será que o comércio de informações sigilosas, essencial ao alargamento das teias de poder, não está orientado para uma matriz concentradora e ardilosamente aglutinadora?

O poder devia ser saboreado como uma circunstância corpórea da vida, todavia a esmagadora maioria da população desconhece-o, não convivendo com o mesmo. Devemos suspeitar sempre da impunidade institucional, pois a mesma representa o resultado de insuficiências estruturais universalizadas, bem como a promiscuidade e tendenciosidade dos órgãos de soberania. Numa disposição epidérmica, podemos asseverar que o poder consiste na capacidade de impor a nossa própria vontade a terceiros. A conspiração procura alcançar, de maneira camuflada, essa mesma proficiência. O procedimento conspiratório aconchega como atributos capitais o sigilo e a procura perpétua de informações privilegiadas. Será que é unicamente delírio, a crença quase generalizada de que certos grupos são possessores de imensuráveis fortunas e “embalos” de poder? Será que esses grupos poderosos não são os donos do mundo? Os Governos estarão contra ou a favor desses abutres? Será que as insígnias totalitárias continuam a ofuscar as divisas da liberdade? Será que existem mesmo Governos Sombra? Será que as bandeiras da equidade e da integridade já foram alguma vez hasteadas?