A agricultura urbana, que está estreitamente associada ao sector primário, é praticada principalmente em loteamentos desocupados, em quintais e em propriedades públicas.

A perspectiva tradicional de desenvolvimento e de aperfeiçoamento cinge-se à extensão económica. As argumentações e altercações sobre a sustentabilidade desse “decurso” aglutinam as extensões sociais e ambientais, desaguando incessantemente na ideia de crescimento sustentável.

Este conceito, que é interpretado como uma “conjuntura” fundamental para a obtenção de superiores condições de vida, deve reverenciar sempre os marcos ecológicos e as particularidades culturais.

A verdade é que a globalização da economia, apesar de ter inflamado a selectividade histórica e já ter sido analisada como representativa do capitalismo, não deverá ser confundida com o capitalismo.

O imenso grau de complexidade das conexões entre desenvolvimento e globalização vai embargando a investigação cristalina das desvantagens e vantagens desse processo.

O espaço rural e a extensão urbana são complementares, não havendo motivos, por se tratarem de áreas autónomas, para existir uma incompatibilidade entre o campo e a cidade. Em traços gerais, podemos definir agricultura como o cultivo de plantas.

Esta eminente actividade hospeda algumas configurações relevantes como sejam: o processo de produção; a dimensão do espaço; a finalidade e a escala da produção; as categorias e subcategorias dos produtos; e o conjunto de técnicas e tecnologias empregue.

A agricultura urbana, compreendida como a execução de actividades agrícolas em acanhadas superfícies pertencentes à circunferência urbana, constitui uma actividade engenhosa, e proveitosa, para o desenvolvimento económico e social dos seus “tirocinantes”.

Como consequência dessa laboração, obtêm-se produtos baratos, caseiros e frescos, que irão certamente facilitar o equilíbrio alimentar e orçamental das famílias que a praticam.

A agricultura urbana, que está estreitamente associada ao sector primário, é praticada principalmente em loteamentos desocupados, em quintais e em propriedades públicas.

Este tipo de agricultura faculta a “convivência” entre os espaços rural e urbano, sendo a balança, e a ponderação, entre sociabilidades e ambientes urbanos, e entre espaços rurais e sociabilidades. Será que o impetuoso “sistema” de urbanização e o acréscimo dos contextos de miséria não altearam as actividades agrícolas no meio urbano?

De referir que a permanência da agricultura no espaço urbano está profundamente aglutinada a uma panóplia de conjunturas, das quais podemos destacar: o êxodo rural, as cidades “perfilham” constantemente, e dos mais variados lugares, “correntes” populacionais; o desemprego e as vulgares “disposições” de volubilidade social e económica fazem com que a necessidade da faina no solo emirja; os “passatempos” e a nostalgia, muitos habitantes das cidades preservam os lineamentos “campestres”, agricultando as áreas não edificadas dos quintais para permanecerem contíguos aos elementos que indumentam a natureza no seu conjunto; e a “intermitência” dos arquétipos de urbanização, que vai acondicionado, de forma intercalar, espaços não edificados no meio urbano.

Facilmente entendemos, principalmente quando abordamos a temática “êxodo rural”, que as políticas públicas não foram suficientemente competentes, convenientes e produtivas para ministrar as condições indispensáveis para que estes agentes migrantes pudessem permanecer no seu ambiente de “proveniência”.

A agricultura urbana é frequentemente encaminhada para a subsistência ou para uma franzina comercialização, devido a ser considerada como a segunda ou a terceira laboração dos indivíduos.

A agricultura urbana está intimamente ligada à estreita dimensão das áreas de cultivo, à “ignorância” tecnológica, e ao difícil e dispendioso acesso ao conhecimento. Será que esta conjuntura não agasalha uma desafogada oportunidade para as políticas públicas intervirem?

Também será oportuno, como estratégia para resolver algumas dificuldades sociais, ambientais e económicas, destacar as principais vantagens da agricultura urbana: a ocupação congruente dos espaços; o manuseamento apropriado dos recursos do solo e da água; o aperfeiçoamento da “certificação” e da segurança alimentar; o amortecimento da miséria e da adversidade; o robustecimento dos laços de vizinhança; a demonstração de capacidade e de idoneidade que esses núcleos familiares possuem para a produção de alimentos; a obtenção, em certos casos, de algum dinheiro; a valorização da produção nacional; o comprometimento com a estabilidade e com a consistência do ecossistema urbano; o enlaçar de alguns projectos de inclusão social; a conservação da biodiversidade; e o desenvolvimento social das famílias.

Deste modo, podemos asseverar que os encadeamentos e entrelaçamentos do campo nas cidades, que podem aquartelar dissemelhantes fundamentos, configurações e preeminências, testemunham, fortificam e ostentam a “subordinação” do rural em relação ao urbano, e do urbano em relação ao rural.