Qualquer financiamento do Estado Português, sem as regras pesadas do Memorando da Troika, poderá verdadeiramente vir a ser feito a taxas de juro inferiores às do Resgate, praticadas pelo FMI e BCE?

Se nos colocarmos na ótica do credor, obviamente que não, sobretudo enquanto em termos Orçamentais a palavra de ordem dos últimos anos e também deste e do próximo é ainda e tão só : ” DÉFICE”, Ideologias à parte, é dos livros de economia, que enquanto não houver excedente orçamental e houver défice, logo haverá maior necessidade de financiamento, em cada ano, para além dos encargos da dívida já assumida anteriormente. Parece-nos assim indiferente a denominação que terá aquele período pós-troika. Ninguém pense que os “maus” vão embora em meados de 2014 e a partir daí tudo vão ser maravilhas. Quem vai verdadeiramente embora são os credores que nos emprestaram dinheiro a taxas aceitáveis quando os mercados já estavam desertos ou só os especuladores a taxas muito altas ainda íam emprestando dinheiro a Portugal. Claro que o fizeram sob a imposição de regras pesadas. Aquele dinheiro é de muitos credores e tem regras par ser emprestado em todo o mundo (FMI) e na Europa (BCE). Como a partir de 2014 a nossa necessidade de financiamento externo se vai manter, por umas décadas largas – tal é o ponto de partida – primeiro para custear os défices atuais e futuros e depois para amortizar a dívida que se vai vencendo (por mais que se alonguem os prazos de vencimento, ela vencer-se-á um dia!), bom seria que houvesse consensos alargados na sociedade portuguesa que permitissem ao País merecer a confiança dos aforradores internacionais, para que invistam na nossa dívida. Um resgate, com esse nome, obrigará a novo Memorando, leia-se Austeridade! Um Programa Cautelar, com garantia do BCE em como financia se os mercados não acreditarem e especularem, também obrigará a muitas medidas, sobretudo as que se prendem com o equilíbrio orçamental, para a dívida não aumentar. Por fim, o Livre Acesso aos Mercados, não é tão incondicional como se possa pensar. Tem riscos; se as taxas de juro disparam, ou não se verificar o interesse dos aforradores estrangeiros, depressa se transformará numa das duas opções anteriores. Não vai haver razões para euforias! Ninguém disse que seria fácil o ajustamento, nem nunca o foi, historicamente, em país nenhum!