Pois é. Por muito optimismo anunciado e muitas propaladas reformas que ditarão um amanhã melhor, o presente é péssimo e 2008 foi o pior ano de sempre da nossa Bolsa. São dados reais e contra eles nada há a fazer. É um facto que o ano foi mau, muito mau mesmo e, comparativamente com o exterior, um dos piores de todos.
Também nos fundos de investimento foram, em 2008, resgatados mais de 16 mil milhões de euros, constituindo-se igualmente no pior ano de sempre, com um saldo negativo entre resgates e novas subscrições de aproximadamente 9 mil milhões de euros.
As crises, primeiro a financeira, depois a energética e por último a económica, ditaram perdas superiores a 51%, tendo as principais 20 empresas da Bolsa (PSI-20) perdido em 2008 quase tanto valor como o de todos os fundos que já recebemos desde a adesão à União Europeia. São valores que dão que pensar, e muito díspares dos cenários de optimismo, que ao longo do ano, os Ministros das Finanças e da Economia foram traçando para a nossa realidade económica.
Quem tinha 10.000 euros aplicados na Bolsa no início de 2008, terá hoje menos de 5.000 euros, ou seja, menos de metade. O índice das 20 empresas de referência (PSI-20) perdeu 51,29% do valor e as empresas no seu conjunto perderam 50 mil milhões de euros… Já anteriormente se disse que até pode ser este um bom momento para repensar a entrada paulatina na Bolsa, ponderados os perigos que ainda espreitam.
Poder-se-á pensar que a nossa má prestação bolsista se deve apenas aos problemas que vêm de fora, introduzidos pela globalização, essa nova forma de disseminar problemas e soluções. É certo que a globalização queima etapas! Significa que agora é tudo mais rápido e que os países em vias de desenvolvimento não terão de passar por todos os estádios de desenvolvimento que nós passámos, podendo dar saltos qualitativos inimagináveis. Exemplo: acham que alguém que em África ou na Ásia vá agora dar os primeiros passos em informática, vai ter de passar pelos processadores 286, 386, 486, etc., ou irá logo para computadores com os mesmos processadores e capacidades que os nossos actuais?!
O que tem isto a ver com o pior ano da nossa Bolsa? Também não sei bem, mas é bem provável que tenha a ver. Se Brasil e Angola são importantes para a nossa economia, pelo peso das exportações mas também pelos investimentos dali provenientes, e se estão na mesma etapa do conhecimento que nós, então é provável que se afirmem como concorrentes a receber novos investimentos, dificultando o difícil quadro de liquidez que por cá se verifica.
As principais 20 empresas da Bolsa (PSI-20) perderam em 2008 quase tanto valor como o de todos os fundos que já recebemos desde a adesão à União Europeia.