Reina o descrédito e a instabilidade e os ziguezagues nas decisões políticas são o pior que a nossa economia precisa para arrancar.

Logo após o começo de um novo ano, com renovada esperança de que as coisas comecem finalmente a correr bem, economicamente falando, eis que a bolsa cai, cai, cai. Em duas semanas, cerca de 15% do valor das empresas em bolsa perdeu-se, anulando metade da subida registada em todo o ano de 2009.A instabilidade não foi só nossa e ficou em grande parte a dever-se aos problemas que reconhecidamente a Grécia vem apresentando nas suas contas públicas. As agências que classificam a nossa exposição ao crédito internacional agravaram a notação da dívida portuguesa, e daí a alguma especulação vinda do estrangeiro foi um passo.

Acresce àquelas más notícias internacionais, que por cá se ficou a saber dos maus resultados do défice final de 2009 num valor recorde pela negativa de 9,3% e do decréscimo no PIB em 2,7%. Somando a estes factos (sim, factos), as deambulações políticas marcadas pela indefinição na votação da Lei das Finanças Regionais, com alegados anúncios de demissões no Ministério das Finanças, e de um Orçamento centralista, a encolher o investimento da administração Central nos Distritos do Interior, e de novos episódios nada abonadores da estabilidade governativa, vindos a lume através do caso “face oculta” e que apontam para a alegada existência de um plano do governo para controlar a liberdade de expressão.

Tudo somado, com novas notícias da Comissão Europeia a colar Portugal à Grécia, em termos de más finanças públicas, a economia é o que é, e registaram-se fortes perdas e desinvestimento estrangeiro na nossa praça.

Assim não vamos lá. Assim reina o descrédito e a instabilidade e os ziguezagues nas decisões políticas são o pior que a nossa economia precisa para arrancar. Agora, e medindo a economia pela Bolsa, verificamos os últimos 6 meses e que toda a recuperação registada nesse período, se consumiu em apenas duas estonteantes semanas.