Num momento difícil da nossa economia está criado um quadro que propicia a discussão livre e desapaixonada sobre todos os temas da sociedade. Todos, sem excepção, podem e devem ser agora discutidos, já que é preciso mudar de estratégia. Se todos, de um modo ou de outro, afectam as nossas vidas e são mensuráveis em custo e oportunidade social e económica, então devemos ter a coragem de abordá-los e de questionar as melhores opções. Como estamos é perceptível que não vamos bem…
Eu diria mesmo, face ao notório falhanço de algumas das nossas Instituições – que era suposto acautelarem, prevenirem e evitarem que tenhamos chegado à actual situação –, que todos temos agora o direito de opinar, de diagnosticar e de escrutinar as medidas e soluções. Ora, devemos nesta matéria estar receptivos a verdadeiras reformas e mudanças e não a mais do mesmo, que as crises a alguns doem muito mesmo.
Uma reforma que está por fazer respeita ao modo como ocupamos o território nacional. Abandonado e desaproveitado em grandes fatias, apinhado em pequenos núcleos territoriais, centralizado nas decisões administrativas, vai acumulando custos de gestão, de funcionamento e de reparação de erros que custam muito, qualquer que seja o modelo de desenvolvimento aplicado, seja mais social ou mais liberal.
É caro viver nas periferias de Lisboa e do Porto e perder todos os dias longas horas de viagem, como é caro manter uma rede mínima de serviços numa crescente área do país que se despovoa continuadamente. É caro e improdutivo. Logo, questionável pelos portugueses contribuintes. Há outras formas de o fazer? Seguramente que sim! Tenho para mim que uma razoável e eficiente descentralização financeira haveria de gerar grandiosos resultados; despesas mais escrutinadas e resultados mais eficazes, com maior aproveitamento das potencialidades. O acesso ao investimento público não pode ser democratizado?
Claro que este movimento tem um nome: Regionalização. Seja. Se ganharmos eficiência e produtividade, se houver maior racionalidade nos investimentos e maior responsabilização dos agentes, se se criarem condições para desenvolver vier a custar menos, se ganharmos mais coesão territorial, então seja! Regionalizemos, aumentemos a produtividade e o despovoamento inverter-se-á!