O PEC deixa o crescimento económico de lado e pouco ou nada aponta no sentido da convergência com o rendimento médio europeu. Tributa fortemente a classe média e não alimenta grandes esperanças de crescimento efectivo da economia para os próximos anos.

Já há demasiado tempo que o nosso PIB não cresce efectivamente. E sinceramente, “esmiuçado” (como agora se diz) o Programa de Estabilidade e Crescimento, não se avizinham, em minha opinião, grandes esperanças que possam inverter a situação económica do país, a avaliar pelas medidas nele exaradas. O PEC deixa o crescimento económico de lado e pouco ou nada aponta no sentido da convergência com o rendimento médio europeu. Tributa fortemente a classe média e não alimenta grandes esperanças de crescimento efectivo da economia para os próximos anos.
Alguns reputados economistas e gestores continuam a queixar-se do inferno burocrático para quem quer investir no nosso país, em que o peso do Estado vai crescendo, crescendo. Só no último ano entraram mais 25 mil funcionários públicos para as administrações, certamente para dar cumprimento aos regulamentos e leis cada vez mais exigentes, que em todas as áreas vão complicando a vida a quem quer realmente fazer algo, quase impelindo os empreendedores a estar “quietinhos” à espera de um qualquer subsídio.
Nos mercados financeiros reina uma descrença tal, que apenas se acredita nos resultados vindos de fora, vindos da internacionalização que algumas empresas ousaram fazer no Mundo. Na Aldeia Global em que vivemos, a internacionalização era uma oportunidade a não desperdiçar, mas desistirmos do nosso território e pura e simplesmente sairmos, como acontece com empresas, jovens quadros e famílias, fará com que, a prazo, a estagnação seja cada vez mais a palavra de ordem para o nosso quadro económico.
A economia de um país sem demografia, sem investimento estrangeiro, sem valorização dos recursos e potencialidades endógenas, sem coesão territorial, só pode ser uma economia estagnada. E o pior era que este cenário se nos apresentava como um fatalismo impossível de enfrentar. Ontem ocorreram eleições partidárias no partido da oposição que tem a responsabilidade de apontar novos caminhos. Oxalá seja uma brisa de esperança. Mais uma década de estagnação seria um cenário deveras trágico, sobretudo quando outros ousam crescer.