Já os setores que dependam mais do consumo interno vão sentir este abrandamento, podendo alguns não aguentar a quebra temporária.

Já todos sabíamos que a economia da expansão pós-Covid não se poderia manter por muito tempo.

A seguir a uma curva em alta no consumo, vem quase sempre um aumento de preços só controlável pela diminuição do dinheiro em circulação. Vêm aí, pois, tempos de abrandamento no crescimento económico, com grande travagem nos consumos já nestes meses que se aproximam.

Vamos ter de aumentar exportações – e, desejavelmente, produtividade – e dessa forma garantir as atuais (boas) taxas de empregabilidade. Ou seja, o cenário será de ajustamento com a realidade (marcada pela inconstância dos preços da energia e pela guerra na Europa), mas não haverá necessariamente perda de emprego nem falências em catadupa, nem tão pouco entregas de casas ao banco por impossibilidade de amortização face à subida das taxas de juro. Estas apenas desviarão dinheiro de consumos imediatos para custos mais elevados dos empréstimos.

De resto, não haverá ninguém que tenha celebrado contrato de empréstimo nos últimos 8 anos, que não tivesse plena consciência da situação excecional em que contratualizava o empréstimo, com taxas baixas ou mesmo negativas e que um dia iriam subir…

Questão diversa é saber se os imóveis comprados com hipotecas fáceis de amortizar têm mesmo o valor que o mercado (incentivado por compras de estrangeiros) lhes deu nos últimos anos, ou se pelo contrário haverá ajustamento também nesta matéria. O mercado ajusta sempre…

Já os setores que dependam mais do consumo interno vão sentir este abrandamento, podendo alguns não aguentar a quebra temporária.

Pelo meio, entre ciclos, todos perderão nível de rendimento, pois ninguém será aumentado em linha com a inflação. Será uma austeridade entre ciclos económicos…