Vivemos num século de ouro em matéria de acesso à tecnologia e de bem-estar social. Contudo, paira no ar uma severa perda populacional que em cada ano leva quase 2% da população residente.
É uma estatística tremenda a que nos revelam os resultados definitivos dos Censos 2021. Em cada dia o Distrito da Guarda perde 5 pessoas; 35 pessoas por semana; 150 pessoas por mês ou 1800 por ano. É uma pequena aldeia que se perde por mês ou uma vila que se perde por ano. E as coisas não vão mudar, antes se acentuando face à idade média dos atuais residentes.
Se quisermos saber quem vai estar num determinado território nos próximos 80 anos e considerando a esperança média de vida atual, basta multiplicar a média de nascimentos anuais por 80. Se ninguém entretanto saísse ou entrasse no território, num município com 12 nascimentos, por exemplo, teríamos 80 anos ×12 nascimentos = 960 pessoas. E isso se todos os que nascerem nesse período de tempo ficarem no território, o que é muito improvável.
Ou seja, municípios com 6 000 habitantes hoje, vão ter uma tendência natural de diminuição até ao fim do século passando a menos de 1 000 habitantes apenas (o número de residentes de uma aldeia média).
O Distrito baixará dos atuais 140 mil para aproximadamente 40 mil pessoas no virar do século.Trágico? Muito!
Poderiamos ser levados a pensar que as migrações internas poderiam ditar resultados mais positivos. Mas a história recente mostra que mesmo com guerra na Europa não temos procura expressiva por estes territórios, nem tão pouco os movimentos de nómadas digitais ou outros têm expressão entre nós. Os saldos natural e migratório são aqui ambos negativos.
Já datam dos anos 80 do século passado os nossos primeiros alertas. Mas era cedo demais. No litoral as pessoas apinhavam-se e não havia falta de pessoas. Quem decidia via sempre muita gente e muitas filas…que pesavam na hora de agendar políticas públicas que mitigassem ou atacassem o problema, que então era apenas do interior…