Não se avistam grandes investimentos na Região, nem atração de pessoas. Será, novamente, um ano economicamente “morno”.

Breve reflexão do que será expectável para o ano de 2024, um ano que não registará no Distrito da Guarda grandes alterações.


Lá por fora as guerras intensificam-se e com elas as incertezas na economia mundial, mas os efeitos entre nós não serão de grande monta, a não ser os derivados da subida dos preços dos combustíveis (só não estão a subir mais porque os EUA aumentaram a produção face à crise no Médio Oriente). E com a subida dos preços dos combustíveis, já se sabe que todos os outros preços se ajustam em alta. Vejamos, pois, como poderá ser o novo ano:


Demografia: Aqui nada de novo, chegaremos ao final do ano e seremos menos 1 800 residentes em todo o Distrito. Um grande e velho problema que constitui a maior das nossas ameaças. Já há concelhos que têm quase 600 idosos por cada 100 jovens, o que torna inviáveis todos os empreendimentos, os existentes e os que por essa causa não vão conseguir a viabilidade económica desejada. Os imigrantes começam a chegar ao nosso Distrito, empurrados pelos preços exorbitantes da habitação nos grandes centros, mas ainda é muito limitada a imigração, sobretudo num território em perda populacional natural (mais óbitos do que nascimentos). Por outro lado, assim que uma oportunidade melhor surge no Litoral ou na Europa, acabam por deixar a região, como aconteceu com os imigrantes da Ucrânia vindos há 20 anos atrás.


Economia: A inflação ainda pesa nos orçamentos familiares. A produção agrícola de subsistência tenderá a aumentar. A aposta na fileira do azeite será reforçada em 2024, face aos bons preços de 2023 e que se deverão manter. A agricultura poderá sofrer uma quebra de produção em outros produtos (leite e vinho, por exemplo). Os custos estão elevados (vejam-se os preços dos tratores e maquinaria agrícola) e o resultado final não é satisfatório do ponto de vista económico. Os subsídios agrícolas vão também sofrer quebra.
Vão continuar encerramentos de serviços na Banca, Seguros e alguns serviços públicos (Segurança Social, por exemplo), por inexistência de funcionários que garantam a abertura em alguns dos municípios mais pequenos.
Os fundos europeus estarão em alta com as execuções a avançarem, quer pelas autarquias, quer pelos privados. Um dos setores com maiores oportunidades em 2024 será o da construção civil.
Os municípios vão contar em 2024 com maiores transferências do Orçamento do Estado. No total do Distrito vamos ter mais 22 Milhões de euros em relação aos valores recebidos pelos municípios em 2023, sem contar com os 26 milhões destinados às novas competências municipais, sobretudo no domínio da Educação. Haverá dinheiro, não tanto quanto os orçamentos municipais preveem, pois alguns são muito empolados, mas ainda assim poderá faltar capacidade de execução. Acresce que muitos preços também subiram com a inflação registada nos últimos 2 anos, o que tornará mais dispendiosas as obras e os muitos dos eventos. Estes são já uma significativa fatia das despesas municipais e não há avaliação que estude o retorno dessa despesa. 2024 será ano de vésperas de eleições locais e isso aumentará as taxas de realização dos autarcas que querem vincar a suas estratégias, quando existam.
Não se avistam grandes investimentos na Região, nem atração de pessoas. Será, novamente, um ano economicamente “morno”.


Emprego: Há oportunidades de trabalho que ninguém quer. Haverá, por outro lado, empregos públicos nas cidades que vão levar algumas famílias daqui, sobretudo os jovens mais qualificados. O país é deficitário em mão-de-obra; sendo em maior número as pessoas que se reformam do que as pessoas disponíveis para entrar no mercado de trabalho. Vão faltar pessoas para trabalhar na agricultura, e os preços das jornadas diárias (podador, por exemplo), vão tornar inviáveis algumas pequenas produções. Também a restauração vai conhecer problemas em encontrar pessoas disponíveis para trabalhar. A imigração será a primeira solução de recurso. Já o está a ser.


Energia: A guerra não terminou e começou uma nova guerra no Médio Oriente, intensificando riscos de uma energia a altos preços. A Europa deixou de contar com a energia provinda da Rússia e levará anos a ajustar mercados alternativos e novas produções de energias renováveis. Tal como referimos no ano passado: Não conte com baixas de preços nesta matéria. Se o petróleo baixar, subirão os impostos, até porque é necessário diminuir as emissões de CO2.


Ensino: Serão em menor número os alunos no 1.º ciclo do ensino, no computo das escolas do Distrito, e algumas escolas poderão estar em risco de perderem o ensino secundário (10.º ao 12.º ano) que, sendo obrigatório, levará alunos e suas famílias a saírem dos municípios mais pequenos, apressando o despovoamento.


Guarda: A Guarda (concelho) já não chega aos 40 mil residentes e perde 260 pessoas em cada ano, tendo 230 idosos por cada 100 jovens (quase 11 mil pensionistas). Como muito positivo estarão os avanços do “Porto Seco”, com investimentos na armazenagem e logística e a dinamização da Zona Industrial, ambos na Guarda, e também a vinda efetiva para a capital do Distrito do Comando da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR, que trará pessoas e competências.
A capital do Distrito fica sempre a ganhar com as perdas das vilas mais pequenas. Os negócios e a representatividade económica tenderão a concentrar-se na Capital do Distrito, na medida em que fecharem as delegações e serviços nos pequenos municípios. As pessoas tenderão a procurar a Guarda para viver, em detrimento das Vilas e pequenas Cidades e isso só por si favorecerá a Capital do Distrito, embora a Região no seu todo não fique a ganhar.

Nota: Em alguns dos temas reitero tudo o que escrevi para 2023, por não se registarem alterações significativas.