Torna-se importante relacionar o espaço visual a determinados públicos que, tendo em conta dissemelhantes conjunturas, interagem, mais “apaixonadamente” e “encarniçadamente”, com os efectivos produtos da comunicação visual urbana.
Alguns destes públicos são: os urbanistas, os designers, os arquitectos, as agências de publicidade; os comerciantes; as empresas locadoras de espaços; os gestores públicos; e os legisladores.
Deste modo, torna-se essencial esclarecer não só aquilo que está intimamente ligado com os conteúdos, como também a relação dos mesmos com os efectivos agentes da comunicação.
Somente com o aclaramento, a nomeação e a inscrição de critérios e de unanimidades neste “cabimento” é que conseguiremos alcançar, e posteriormente aperfeiçoar, um sistema harmónico e congruente.
A realidade certifica, e sem excepções, que todos acabamos por ser reféns da manifestação comercial visual.
Para os lojistas, que pretendem vulgarizar os seus produtos e os seus serviços, esta situação chega, em variadíssimas circunstâncias, a ser considerada e apelidada de anti-propaganda, uma vez que se trata de uma mistura turva de informações que vai dificultar a percepção e a compreensão daquilo que efectivamente é relevante e verdadeiramente se ambiciona.
Infelizmente esta exteriorização vai disputando a meditação com o nosso próprio “referencial” e a atenção com o sustentáculo histórico das metrópoles. Aquilo que muitas vezes é considerado adequado e producente, nem sempre agasalha o objecto ou a matéria maior, bem como a pigmentação mais aguerrida.
Não será certamente por o descomedimento e por os slogans garrafais que os bons resultados de uma ocasionada campanha publicitária acontecerão.
Enquanto consumidores, a nossa atenção também aconchega as filas de trânsito; as notícias da rádio; as mulheres bonitas que passam na rua; a chuva que cai, os semáforos fechados; os mendigos que imploram; os fantasmas que desfilam, os mapas que não dispensamos; os perfumes que usamos; as toalhas que desfilam no chão; as curvas apertadas; as praças abertas; os traços de avião; as sombras esguias e sozinhas; as silhuetas desacompanhadas; os dissimulados adeus; as aparências de vison; os fumos com fogo; e os estereótipos apreciados.
A comunicação nos locais públicos, quanto aos conhecimentos, grandezas e valores que alberga, estabelece uma temática de consistente interdisciplinaridade e heterogeneidade, conjecturando, também e conjuntamente, discernimentos e “preferências” de âmbito moral, cultural, social e político.
Os profissionais de comunicação, tendo em atenção a paisagem urbana, têm por obrigação contemplar o encadeamento urbano e a própria publicidade de rua como sendo um conjunto de signos que aclamam por “uniformidade”, lógica, concordância e cadência.
Nas cidades a qualidade de vida está intimamente ligada aos índices de poluição sonora e ambiental, bem como aos catálogos da poluição visual.
Desafortunadamente em muitos locais das cidades somente quando se retirarem a maior parte dos cartazes, das placas, dos mupis, dos painéis luminosos e dos outdoors se conseguirão descortinar as curvas, os perfis, as “silhuetas” e as verdadeiras seduções arquitectónicas dos edifícios.
A poluição visual, que por diversas vezes passa ao lado das políticas públicas, transformou-se num problema mais grave do que imaginamos.
Tem como consequências o “apodrecimento” dos espaços públicos, o empobrecimento da qualidade de vida das próprias populações e o “depauperamento” do património histórico, arquitectónico e paisagístico das cidades.
Dá a impressão que no seio da nossa sociedade emergiu, desenvolveu-se e permaneceu uma amplificação do espaço privado, e, simultaneamente, aflorou uma diminuição, acomodação e apropriação do espaço público.
Neste sentido, torna-se vital que a sociedade exija ao Estado a prescrição urgente de eficazes “prospectos” de fiscalização e de regulamentação, bem como que se mantenha a necessidade de o homem nunca esquecer que participando afirmativamente na ilustração e na iluminação da sua cidade, alteará a sua própria qualidade de vida.