Verdadeiramente, não há uma carta ou norma educativa que os pais possam seguir. Cada caso é um caso e há muitos fatores externos que influenciam escolhas e oportunidades. Das leituras sobre o assunto fico convencido de que muito do sucesso poderá estar nas nossas mãos, dos pais, precisamente.
Claro que a conjuntura económica ajuda muito e tantos outros fatores. A escola que se frequenta, sobretudo no secundário e no ensino superior e até o fator “c” é importante, como sabemos.
A sorte também poderá ser relevante, sobretudo se conjugar oferta e procura, ou seja, se gerar as oportunidades; e há oportunidades daquelas, de se estar no sítio certo na hora certa e ser escolhido para a responsabilidade ou o lugar. Depois, o lugar fará o profissional. Todos sabemos que isto também acontece. Mas a Escola também é importante. Muito!
Mas, se olharmos às próximas duas ou três décadas, em que os jovens vão estar no mercado de trabalho à procura da sua realização, não podemos deixar de acautelar algumas premissas que estarão sempre antes do sucesso:
1. Saber Inglês. Na aldeia global é a língua de trabalho. Saber Mandarim e Espanhol também poderão ser uma grande mais-valia;
2. Ter competências informáticas. Aqui penso que praticamente todos os nossos jovens estarão capacitados ou em vias disso;
3. Desenvolver competências em áreas de trabalho que vão ter muita procura (destaco 3, pela importância que já detêm e que vão acentuar-se):
3.1. Turismo;
3.2. Saúde;
3.3. Serviços ligados aos mais velhos (acima dos 60 anos)
3.4. Educação e formação especializada/avançada dirigida aos países em desenvolvimento.
Sabemos que está em curso uma revolução tecnológica que mudará muito a forma de estarmos e de produzirmos (vale a pena ler o livro A Quarta Revolução Industrial de Klaus Schwab), e que muitos empregos tradicionais serão suprimidos.
Mas há tendências que se vão afirmar inevitavelmente. Uma delas é de que os países em desenvolvimento, na medida em que acedem a padrões de consumo, vão fazer tudo o que os outros fizeram quando se desenvolveram. Vão passar a consumir mais e a ter menos filhos, vão passar a viajar mais e a ter especiais cuidados com a educação e formação dos seus filhos, etc. etc.
Assim, China e Índia, mas também a Indonésia, vão dar ao mundo milhões de turistas, pelo que elegi o turismo como a principal indústria das próximas décadas.
A Saúde, pelos avanços da ciência e pela longevidade dos seres humanos, vai merecer grandes investimentos públicos e privados e constituirá – já é assim hoje – uma boa oportunidade de realização profissional.
Os serviços ligados à população sénior e no âmbito da educação e formação avançada dirigida aos países em desenvolvimento vão ser também uma grande oportunidade. Os seniores serão cada vez mais e são os que têm meios económicos para adquirirem serviços.
Claro que temos de ter em conta as aptidões e qualificações naturais dos nossos filhos para que se realizem profissionalmente, mas desde pilotos a comissários de bordo, desde gestores hoteleiros a técnicos de restauração e hotelaria, desde médicos a enfermeiros e outros técnicos de saúde, desde animadores, docentes, formadores, informáticos, etc, haverá muitas oportunidades.
Claro que paralelamente haverá qualidades que não serão despiciendas ou de pouca importância: uma apresentação cuidada, boa autoestima, educação e comportamento social adequado, conduta de responsabilidade social, respeito pelo ambiente e pelo espaço público e tantas outras qualidade e competências que a escola só por si não oferece e nas quais os pais têm de investir muito!