A sociedade do consumo “agasalha” rapidez, agilidade, visibilidade, um cenário simbólico envolvido em valores colectivos e uma associação a um imaginário social de inovação.

A sociedade hodierna é caracterizada pela lógica da sedução, da globalização económica, da espectacularidade, da diferenciação marginal, da reestruturação industrial, da evolução tecnológica, da inovação constante, das sucessivas mudanças, do culto às aparências, do excessivo enaltecimento das teses individuais, da celeridade nas emoções, da fractura dos paradigmas disciplinares e do consumismo. Curiosamente, podemos afirmar que a comunidade consumista amplia as suas fronteiras num período fortemente marcado pela ausência de referências e pela abstracção que indumenta as reportações.

Os produtos inscrevem um raciocínio e uma designação social adaptada à significação dos grupos, desempenhando uma função de relevo na identificação social e na promoção da aparência. Há uma emergente exteriorização da ambição subjectiva, da “realização umbilical” e do pseudo estatuto social fundamentado na afiguração.

Vivemos numa sociedade em que o conceito de status é exageradamente comentado, invadido e indagado, e em que diversos espaços da ciência e da erudição têm intervido na reestruturação dos arquétipos pelos quais observamos, interpretamos, compreendemos, dialogamos e nos relacionamos com o “nosso grupo”.

O incremento da produção industrial, a divulgação e a difusão de produtos, com a preciosa cooperação dos arquétipos comerciais do capitalismo actual, facultam a descrição desta sociedade como super moderna, super consumista, hiper frívola e hiper narcisista.

Existem significativas pressões e altercações estabelecidas, e desenvolvidas, pelas relações de poder que nos transportam para um campo de peleja e para a perfilhação de uma política de representação, na qual se engendra o que somos ou devemos ser, enfim a nossa identidade.
Assistimos a uma propensão para o fabrico de produtos com desusos planeados, produtos com duração reduzida, produtos que passam a “relíquias” num resumido espaço de tempo. Para esta conjuntura, muito contribuem as incessantes transformações nos seus desenhos e concepções, e as consecutivas actualizações tecnológicas.

A sociedade do consumo “agasalha” rapidez, agilidade, visibilidade, um cenário simbólico envolvido em valores colectivos e uma associação a um imaginário social de inovação.

Esse “encarniçamento” pelo moderno, pelo renovado consegue aflorar sem nivelar, nos indivíduos, a indispensabilidade do consumo e a consequente tendência para a obtenção de destaque no seio do grupo social ao qual pertencem. A cultura em que o indivíduo está abrigado e a convivência social têm um papel decisivo nas suas escolhas e nos seus desejos. Procura-se promover a imagem através de uma identificação com os produtos. As necessidades naturais que hospedam o instinto de sobrevivência e a consequente aquisição de produtos essenciais situam-se, diversas vezes, num escalão inferior de prioridade em relação ao das necessidades sociais.

O homem convive diariamente com uma intensa contradição, por um lado procura usar produtos que se relacionem com os moldes e ideias da sociedade, por outro procura distinguir-se na “sinuosidade” do grupo. Ampliou-se o imaginário da mudança e o adjacente interesse por tendências. A tendência é interpretada como resolução e solução de conjecturas vindouras, impondo um protótipo de imagem e, simultaneamente, patenteando os produtos que a edificam. A tendência é difundida a partir do topo social e através de combinações psicológicas que procuram a distinção, estando, também, intimamente ligada à produção industrial, à publicidade, à criatividade, à comunicação de massas e ao marketing direccionado. Neste contexto, podemos afirmar convictamente que a sedução, a partir da representação e da imagem, passou a ser largamente cultivada pela publicidade que é direccionada na estruturação e configuração da imagem personalizada e na tentativa de humanização da marca. As redes de marketing e de publicidade, que circundam as comunidades difundem uma panóplia de imagens que interferem na vida quotidiana dos indivíduos, organizando e associando um processo que tem, na sua essência, paradigmas estéticos, comportamentos materialistas, estilos de vida baseados na facilidade e na aparência, apelos consumistas e a procura incessante de prazer, de sabores e de predilecções, estabelecendo, deste modo, sinais simbólicos de progresso e modernidade.
A sociedade de consumo, erigida com base na estabilização e na conservação de uma economia de cariz privado e capitalista, estimula e aguilhoa o homem ao consumo de variadíssimos bens que se harmonizam com as paixões criadas nos consumidores e essencialmente nos produtores.

A moda, o mito da beleza, a alegoria do corpo e o “conceito” de status social são quatro dos maiores aliados do capitalismo, pois foram os grandes impulsionadores na formação da sociedade apoiada na imagem, na aparência e no materialismo.