Já imaginou pagar um café, um quilo de batatas, um quilo de arroz, uma alface ou até pagar a sua caixa de medicamentos com LIXO? Não? Navegue neste projeto comigo.
Portugal, nos anos 90, tinha mais de 300 lixeiras a céu aberto. Hoje, a realidade é bastante diferente. Para além de terem encerrado todas as lixeiras, foram construídos aterros, estações de triagem, ecopontos, ecocentros, centrais de valorização energética e unidades de valorização orgânica. Muito se evoluiu em Portugal, no que diz respeito aos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) – conhecido no senso comum como “Lixo”.
Apesar de toda essa evolução e de todos os esforços que Portugal tem vindo a fazer, quer na modernização dos equipamentos de triagem, quer no reforço das redes de recolha seletiva, ou até através do lançamento de campanhas de sensibilização junto dos cidadãos, ainda estamos longe da meta europeia de reciclagem para 2020, que é de 50%.
O relatório anual de resíduos urbanos de 2015, – edição de novembro de 2016 – informa-nos que a taxa de reciclagem em 2015, com um valor de 36%, “encontra-se bastante aquém da meta definida para 2020”! É um alerta. Todos temos de agir!
Perante esta realidade, decidi agregar a temática da reciclagem ao comércio local e, desta forma, dar o meu contributo no orçamento participativo (OP) do Município de Fornos de Algodres com o projeto intitulado: “Recicla, Ganha e Compra”.
O projeto, inserido na área do meio Ambiente, pretende cativar e incentivar os habitantes do concelho de Fornos de Algodres para uma maior responsabilização na separação de resíduos recicláveis, promovendo e apoiando as compras no comércio local do concelho. Com esta forma apelativa e vantajosa, os habitantes irão dar o seu contributo para que Portugal fique perto dos objetivo a que se propôs em 2020.
A linha mestra do projeto é simples e consiste em: 1) Separar os resíduos recicláveis – papel, cartão, plástico, embalagens e pilhas – no local de trabalho, na escola, em casa, na piscina, no estádio de futebol … enfim, em todo o lado; 2) Após a separação dos resíduos, em sacos previamente oferecidos para o efeito, estes deverão ser entregues aos técnicos na Câmara Municipal para pesagem; 3) Posteriormente o cidadão receberá por cada quilograma de resíduos uma nota que terá um valor de 1 euro, designada de PECÚNIA – dinheiro fictício do projeto; 4) Esses PECÚNIOS poderão ser gastos em compras, no mercado municipal, no mercadinho ou em estabelecimentos comerciais do concelho de Fornos de Algodres, que venham a aderir ao projeto. No final, os comerciantes, periodicamente, devem trocar os PECÚNIOS por dinheiro do projeto, na Câmara Municipal – ou em outro local a definir.
Resumindo com um caso prático. Imagine que tem em casa 2 Kg de papel, 1 Kg de garrafas de vidro, 1 Kg de embalagens de plástico e 1 Kg de pilhas velhas. Pegue nesses 5 Kg de resíduos, devidamente separados, e entregue-os na Câmara Municipal. Os técnicos responsáveis pelo projeto, após confirmação da pesagem, entregam-lhe 5 notas de dinheiro fictício, ou seja, 5 PECÚNIOS – que na realidade têm um valor comercial de 5 euros. Com essas notas de PECÚNIOS, vá ao café da sua freguesia – que teve interesse e aderiu ao projeto – e beba, por exemplo, um café e uma garrafa de água com gás. Peça a conta e, em vez de pagar com dinheiro real – leia-se euros – entregue-lhe duas notas de PECÚNIOS, que tinha recebido pelos seus resíduos separados. O comerciante dá-lhe o troco em dinheiro real e, no final do mês vai à Câmara Municipal – ou a outros postos a definir – e troca as notas de PECÚNIOS por euros do projeto. Simples.
Este projeto pretende atingir um outro objetivo: ser 100% transparente – ao contrário de muitas instituições públicas. Assim, para além da promoção e divulgação do projeto junto das instituições, empresas, escolas e freguesias, será criado um site onde serão carregados diariamente todos os dados das quantidades de resíduos entregues pelos habitantes do concelho aos técnicos da Câmara Municipal assim como, o respetivo dinheiro do projeto que é entregue aos comerciantes.
Mas não ficaremos por aqui. É pretendido que esta ferramenta de monitorização comunique com a base de dados da entidade responsável pela gestão de resíduos – RESIESTRELA – bem como, com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Ou seja, será implementado um mecanismo transparente de controlo efetivo e real dos dados sobre gestão de resíduos do projeto.
Tenho esperança que num futuro próximo, seja por via do orçamento participativo ou por outro tipo de iniciativa, as Câmaras Municipais, espalhadas pelo nosso País, implementem medidas de cariz ambiental e, de preferência, sem esquecerem o mais importante deste mundo: AS PESSOAS.
Com o projeto “Recicla, Ganha e Compra”, o Ambiente e as suas Economias agradecem.
Fique com o vídeo promocional do projeto.