Os professores precisam certamente de saber intervir perante as diferenças.

A opinião pública, a comunicação social, as carências sociais, o Governo local e central, e os estudos científicos devem espertar e envolver inúmeras “precedências” que possibilitem a “corporalização”, escoltando ininterruptamente os princípios legais, bem como os índices de anuência, de compreensão e de educação indispensáveis à recapacitação de todos os indivíduos com necessidades especiais. Adoptar uma política que venere os direitos humanos acaba por solicitar e impor a concepção de iguais oportunidades não só na superfície educacional, como também na laboral para todos os cidadãos, independente se os mesmos possuem, ou não, algum tipo de deficiência. Será que a educação não deve trespassar os muros da escola?

É fundamental garantir ao cidadão com necessidades especiais a oportunidade de aplicar e expandir o seu potencial construtivo, artístico e intelectivo para beneficio próprio e para o engrandecimento da comunidade, urbana ou rural, na qual está inserido. A educação deve “trabalhar” a construção de novas ideias através do raciocínio, do conhecimento, da interpretação e da acção. O processo educacional alberga o repto de conseguir que todos os alunos alcancem os pilares da cultura que consintam a sua “incorporação” com pigmentadas texturas de paridade. Será que não é relevante compatibilizar as diferenças individuais?

Os docentes devem “conhecer” os diferentes tipos de deficiência; saber trabalhar com a diversidade; e promulgar estratégias de ensino que desenvolvam e fortaleçam a capacidade dos alunos. Em determinadas circunstâncias é necessário utilizar recursos didácticos e equipamentos especiais de modo a proporcionar a participação de todos os alunos no quotidiano escolar. Proporcionar a máxima autonomia aos alunos permitirá optimizar as suas potencialidades e outorgar-lhe superiores patamares de qualidade de vida. A “formosura” dos processos educacionais de cariz inclusivo consiste em abranger todos os alunos num sistema de desenvolvimento que prime pela qualidade dos arquétipos de aprendizagem, dilacerando trincheiras, desafiando fronteiras, estimulando descobertas e despertando construções. Será que o acto de aprender com os outros, num encadeamento verdadeiramente envolvente e significativo, não é praticar a humanidade na sua amplitude máxima? Será que “conviver” com o outro não é uma configuração adjacente à nossa existência? Será que a nova realidade escolar não precisa de professores talentosos e “peritos” em lidar com os alunos portadores de deficiência?

Os professores precisam certamente de saber intervir perante as diferenças. A diversidade jamais pode ser degustada como um problema, mas sim como uma possibilidade para nos desenvolver não só do ponto de vista social, como também pessoal. Todos temos que aprender e ensinar a aprender. Será que a diversidade não enriquece e valoriza o próprio processo de ensino? Será que a cultura da diversidade não permite a edificação de uma escola de qualidade, de comprometimento e de referência? Será que a escola inclusiva não é a escola ideal? Será que a cultura da diversidade não é um processo de aprendizagem ininterrupto, no qual devemos aprender a partilhar novos significados, comportamentos e interacções?

O meio escolar está em permanente metamorfose. Neste sentido, as configurações que nos indicam como socializar a aprendizagem também estão em perseverante transfiguração. A dança e a música acabam por constituir instrumentos capazes de transformar e escola em mais aprazível, diversificada e “companheira”. A dança e a música, enquanto linguagem, espelham dissemelhantes formas de focar e analisar matérias importantes à nossa própria realidade ou existência. Será que através da dança e da música não conseguimos exteriorizar sentimentos e narrar histórias? Será que a dança e a música, no âmago do protótipo educacional contemporâneo, não podem ser saboreadas como “mecanismos” de transmutação educacional para docentes e discentes? Será que a educação não deve agasalhar o papel de realçar a consciência do eu e dos outros? Será que não é essencial que todos os indivíduos conquistem e disfrutem do sentimento de pertencer e de participar?

Os indivíduos somente se aperfeiçoam se enfrentarem os temores e os preconceitos, bem como se conquistarem graus de confiança e de estabilidade para se comunicar de modo livre e emotivo. Somente atingem as telas do êxito se forem conscientes do seu próprio potencial e do potencial dos outros. Torna-se determinante oferecer à pessoa portadora de deficiência contextos que promovam o seu desenvolvimento físico e cognitivo, mostrando à sociedade que a mesma, através das suas capacidades, é capaz de grandes “realizações”. Será que não é relevante identificar e legitimar as qualidades individuais do movimento através da observação dos outros alunos? Será que não é fundamental anuir a natureza e o desempenho motriz de cada pessoa?

O indivíduo até pode ser portador de uma deficiência, contudo essa conjuntura jamais pode significar que o mesmo seja inábil, devendo o meio envolvente outorgar-lhe configurações de acesso e de comunicação. Será que não é essencial entregar contextos de confiança à proficiência e à performance dos indivíduos portadores de deficiência em qualquer tipo de actividade?

Qualquer corpo necessita de movimentação, de circulação e de expressão para progredir, de modo consonante, nos seus vértices físicos e cognitivos. Na verdade, não existe uma desvinculação entre o corpo e a mente, uma vez que os mesmos actuam em “equipolência”. Será que esta conjuntura não acaba por incentivar o ser humano para escoltar o caminho da aprendizagem? Será que não é importante estimular o ser humano a experienciar novos formatos de adquirição de conhecimento? Será que esses novos formatos não o desenvolvem fisicamente, emocionalmente e intelectualmente? Será que os preconceitos não amputam a oportunidade de melhorar, de aprender e de ser feliz? Será que o modo de olhar para a deficiência não define os comportamentos que adoptamos perante a mesma?

É indispensável acreditar nas habilidades das pessoas portadoras de deficiência sem enfatizar a mesma, fazendo com que essas habilidades se evidenciem em relação às dificuldades reais. A sociedade deve ter uma postura aberta e sem juízos preconcebidos. A pessoa com necessidades especiais pretende estar na sociedade como parte integrante e participativa da mesma e nunca como pessoa que tem de ser constantemente coadjuvada. Será que não falta “audácia” às denominadas escolas regulares? Será que alguns responsáveis escolares não têm receio do novo?

A dança e a música constituem um valoroso instrumento e alicerce no processo de inclusão nas escolas, amplificando as possibilidades de movimentos criativos, e fortalecendo os itinerários de arte e de educação? Será que historicamente, e relativamente à deficiência, não aconteceu um avanço conceitual?

A dança e a música desfilam em diversos cabimentos, entre os quais destaco: o psicológico; a motricidade, o social; a saúde física e mental; a comunicação; a coordenação; a autoestima; a organização; a autoconsciência; a qualidade de vida; a autoconfiança; a criatividade; e a aprendizagem. Será que o caminho de cada criança não é único? Será que esse caminho não tem como vértice comum a expressão criativa do movimento? Será que a expressão criativa do movimento não é arte? Será que não é elementar existir, no âmago da escola, uma convivência sã entre a diversidade humana? Será que não é capital aprender a aprender; aprender a ser; aprender a respeitar; aprender a integrar; e aprender a viver?