Os anos passam. Cresci, tal como muitos dos leitores, a ouvir falar na nossa ligação ferroviária estratégica à Europa. Uma ligação rápida que nos retiraria desta periferia europeia e nos daria novas ligações a Madrid, Barcelona, Paris, toda a Europa…
Não parecia difícil, nem impossível, construir um ” T deitado” que unisse Lisboa ao Porto e ao meio ligasse o país a Espanha. A ligação a Espanha seriam uns breves 200 km, apenas e cá dentro as duas Áreas Metropolitanas, onde já reside metade da nossa população, ficaria ligada em comboio de alta velocidade. Estava ao alcance do nosso desígnio coletivo e a Europa apoiaria a ligação com generosos fundos europeus. Fizeram-se estudos, que consumiram milhões de euros.
A modernização de Lisboa-Porto seria inevitável. Ficaríamos assim ligados à Europa de forma célere, económica e segura. Uma Europa em que agora os voos de curto e médio cursos começam a ser proibidos, devendo privilegiar-se o transporte ferroviário rápido e mais ecológico, menos penalizador em emissões de carbono.
Entretanto sucederam-se “n” governos e a solução foi sempre adiada. Os combóios demoram hoje mais tempo a fazer Guarda-Lisboa do que nos anos 80, e isso quando não são suprimidos, o que acontece dezenas de vezes por mês. Por outro lado, nas “obrinhas” que, entretanto, vão sendo anunciadas vamos apostar em bitolas ferroviárias limitadas e que nos isolam
ainda mais da Europa; e vamos investir em ligações à Europa que servem pouco o país no seu todo, como se o Norte e o Centro do país não pudessem nunca ousar ter uma discriminação positiva de relevo.
Repetir em alta velocidade ferroviária a Autoestrada n. 6 será um erro colossal, por muito que seja cómodo a Lisboa a ligação por Badajoz.
Uma tristeza. O tempo passa. Bolas, merecíamos melhores decisões. Somos tão pouco exigentes enquanto povo.