Um projecto nacional de organização do território tem forçosamente que assentar na congruência dos planos das regiões.

O ordenamento do território pode ser definido como a administração da interacção entre o homem e o espaço natural, ou seja é o talento de “harmonizar” os cidadãos e a produção de riqueza ao território numa óptica de evolução. Logo, deve estabelecer regras transparentes de “apropriações”, agasalhar um planeamento das ocupações, fomentar a utilização profícua das infra-estruturas existentes e salvaguardar os recursos limitados. É seguramente proveitoso que os cidadãos se embrulhem e participem activamente na planificação das suas localidades, assim como compreendam e envolvam as estratégias que melhor se adequam ao ordenamento das mesmas. O íntegro ordenamento do território localiza-se no acasalamento dos sustentáculos principais do desenvolvimento como são a eficiência, a imparcialidade, as pessoas, o conhecimento e o ambiente, devendo estar sempre presente que as comunidades locais são os receptores finais das actividades a realizar.
As transfigurações sociais, políticas, económicas e tecnológicas foram alterando as indispensabilidades e a textura organizativa das comunidades. Ao longo dos tempos temos assistido à sobrevalorização dos espaços urbanos em prejuízo dos rurais. As aldeias que perduravam ancoradas aos benefícios do sector primário presenciaram, com a industrialização da agricultura e o progressivo peso do sector secundário e terciário, o desaparecimento do seu esteio económico e o depauperamento do seu vigor social.


Um projecto nacional de organização do território tem forçosamente que assentar na congruência dos planos das regiões. Aqui também entram os planos municipais que acabam por circunscrever o uso dos solos e instituir os princípios para a gestão das áreas urbanas e rurais. As prioridades somente devem desfilar quando já se interpretaram as dinâmicas existentes no terreno e se compreendeu a realidade das populações.


Os núcleos populacionais desfrutam de profundas dissemelhanças na sua dimensão, razão e características, inventariando-se e fundamentando-se entre si com o modo que o homem encontrou para se estabelecer e empregar os recursos da natureza. Ocupações como a agricultura, a indústria, o comércio ou os serviços descobrem no género de aglomerado os fundamentos para o seu estabelecimento, ajustando e metamorfoseando a configuração dos mesmos, bem como instituindo encadeamentos de conivência. Nas cidades administram-se ocupações com apanágios próprios como por exemplo: a catalogação das inúmeras residências com o comércio e os serviços; as imensas vias de circulação que interligam os lugares; a gigantesca concentração de população e de betão; os terreiros que hospedam fragrâncias de descanso; e os bairros que constituem a “coesão” da habitação. Por sua vez, as freguesias rurais são saboreadas numa hierarquia completamente distinta, uma vez que a sua concentração populacional é menor, a habitação é mais dispersa, a contiguidade com a natureza é substancialmente maior e a agricultura ainda vai conseguindo conservar alguns alicerces.


É necessário, caso o objectivo passe por manter as aldeias, analisar em formatos viscerais a realidade rural, pois a mesma não dispensa o desenvolvimento de critérios coerentes de funcionamento que se encaixilhem na conjuntura actual das freguesias. Será que as freguesias não precisam urgentemente de voltar a conquistar razões existenciais no seio dos padrões económicos, culturais e sociais?