Fome, medo, censura, segredo, perseguição e fuga
Desenho pintado em tons de pouca luz
Muros pardacentos onde permanecíamos invisíveis
Beijo insensível e mar algemado.
Livros proibidos, lidos hoje nas ruas
Abril é paixão, emoção, coragem, tenacidade e emancipação
Cravo vermelho que floresce no coração
Rostos de utopia e cantigas de liberdade.
Jovens entoam cânticos de Zeca com bastante cumplicidade
Aragem que toca e tranquiliza a face
Cravo vermelho ao peito e na mão
Correr, saltar e caminhar na imensidão.
Liberdade de amar, sonhar, falar e escrever
Virtude suprema
A nossa dignidade
Amo a liberdade, chamo-a em cada amanhecer.
O poder e a força de um grito
Grito de vigor que desmorona a injustiça e o gládio do ditador
Voz contra a repressão, anulo a escuridão e destapo a claridade.
A esperança e o sonho abandonaram as teias do despotismo e do medo.
Dou voz de prisão à censura e abraço a liberdade
Ninguém ouse amordaçar-me
Olhares e sorrisos livres, liberdade para sentir e cantar
Criar, imaginar e voar sem ter de me curvar.
A liberdade sabe que é apreciada e amada
Livro de páginas abertas, sem título ou capítulo
Portugal floriu
Sou livre para ser…