A crise do Estado envolve a indispensabilidade da criação de texturas em tons de reforma, reedificação, reestruturação e reconstrução. A globalização acabou por obrigar o Estado a reeditar e a reestampar as suas funcionalidades e “utilidades”. No período anterior à incorporação global dos mercados e das respectivas doutrinas produtivas, e ao derribamento das fronteiras, os Países agasalhavam como propósito elementar a protecção das concernentes economias da concorrência internacional. Contemporaneamente a voltagem do Estado está altamente direccionada para que a economia nacional seja internacionalmente competitiva. Os Governos devem estar constantemente inclinados para o mercado, devendo investir capital em aplicações de risco, bem como actuar como intermediários na prestação de alguns serviços. A intervenção e a regulação são dois vocábulos que devem fazer parte de qualquer Governo, contudo os mesmos não devem somente compensar as instabilidades e desproporções distributivas “fomentadas” pelo comércio globalizado. Mais do que nunca é fundamental habilitar e capacitar os diversos agentes económicos, para que estes consigam concorrer no panorama internacional.
Os Governos não devem desenvolver e implementar políticas públicas de forma isolada e unicamente segundo os seus próprios critérios. É necessário harmonizar, reconciliar e pacificar as acções e as ideias dos dissemelhantes agentes sociais na decifração e solução dos problemas colectivos. Os Governos devem aceitar pacificamente a participação de todos os cidadãos nas constantes deliberações que vão sendo tomadas.
No seio das organizações públicas e na intercessão das instituições públicas com as privadas, o Estado tem por obrigação edificar um conjunto de estratégias e encadeamentos de competição e de competência, procurando incessantemente impulsionar a qualidade dos serviços prestados.
Na atmosfera global das políticas de reestruturação da Administração Pública temos verificado o “alanco” dos mais importantes e imponentes organismos internacionais. Estes, autonomamente às circunstâncias económicas e sociais, influenciam e aplicam protótipos semelhantes para a totalidade das Nações, baseando-se na liberalização dos mercados, em fortes restrições orçamentais e na privatização dos serviços públicos. A Administração Pública é etiquetada de vagarosa, inoperante e pouco produtiva, sendo simultaneamente interpretada como um colossal obstáculo para o crescimento da estrutura financeira, económica e social do País. A verdade é que existem diversas dificuldades de identificação célere dos enigmas e consequentemente algumas falhas na implantação das estratégias de aperfeiçoamento, devido especialmente à burocracia dos seus métodos e arquétipos.
A reforma da administração pública pode ser contemplada e compreendida como um conjunto de inovações em políticas públicas de gestão que teoricamente são coerentes e justificativas, porém será importante frisar que em diversas ocasiões essas mesmas reformas desfilam com simples finalidades retóricas.
A modernização administrativa devia ter sido iniciada, não só com um entendimento integral da “conjuntura” das instituições, como também com uma cristalina enunciação de uma panóplia de directrizes estratégicas que encaminhassem o processo de expugnação de deliberações e fomentassem a convergência das decisões adoptadas, evitando, de uma forma mais espontânea, os resultados lesivos. Somente deste modo é possível alcançar a informação e o conhecimento necessários para se proceder à reestruturação organizacional. Esta reorganização passa obrigatoriamente por diversas transformações no sistema original que vão ao encontro da configuração de funcionamento idealizada.
A resistência à mudança é intrínseca ao homem, portanto os “gestores públicos” deverão eleger estratégias de motivação para a própria mutação e inverter ausências de solidez psicológica no contexto organizacional. A forma como as razões e fundamentações para a mudança são apresentadas pelos dirigentes aos funcionários é fundamental na aceitação de uma atitude de associação ou de afastamento quanto às alterações introduzidas.
No universo globalizado facilmente constatamos que o savoir faire, o savoir être ou simplesmente o savoir alcançam um estatuto de superior importância, no qual os actores organizacionais e sociais mais eruditos e intervenientes procuram a participação activa, através da tomada de decisões, na configuração de um renovado sector público.