Vivemos numa época de transfigurações nas áreas da produção e distribuição, bem como nos arquétipos de consumo dos alimentos. Os principais “conteúdos”, tendo em conta as carências e requisitos colocados pelo incremento da urbanização, circulam à volta da crescente industrialização dos mecanismos e processos produtivos, e da homogeneização dos costumes alimentares. De entre a totalidade das “castas” animais, somente o homem aperfeiçoou técnicas e instrumentos de fabricação e confecção de alimentos. Essas técnicas e instrumentos permitem ao ser humano, não só metamorfosear os alimentos, como também tipografar a particularidade e talento singular na acção de alimentar. A “utilidade” da comensalidade, na sua faceta abstracta e tendo em conta os seus verdadeiros discípulos comensais, é fortemente descrita e ilustrada no intrincado processo de socialização. Será que as indispensabilidades alimentares não rascunham os marcos que desagregam a simples sobrevivência e subsistência, de tudo aquilo que é compreendido como existência e como autêntico latejar?
Devido ao “enigmático” processo de globalização, temos vindo a presenciar a existência de variadíssimos paradigmas “financeiros” de apropriação do espaço, e simultaneamente também comprovamos que esse mesmo cabimento foi conquistado e domado por exteriorizações universais, nas quais os valores sociais, políticos e culturais são estruturados segundo a lógica e a configuração do império económico global. O vigente molde de multiplicação do “cosmos” capitalista acaba por conduzir a sociedade para uma diferente óptica do espaço e do tempo, orientada pelo decurso da produção e do rédito, e “adestrando” protótipos para manusear e controlar os indivíduos, e a comunidade em geral.
O franchise ou “sistema de franquia”, subjugado à dissertação da mundialização do capitalismo, foi ao longo dos tempos aclimatando-se aos novos moldes económicos. Actualmente constitui uma das configurações que o negócio descobriu para se desdobrar e se propagar além fronteiras. A eficiência e o aperfeiçoamento do ambíguo sistema de franquias, o intrínseco alargamento dos canais de distribuição e o desenvolvimento das redes de serviços constituem factores que podem ser legitimamente interpretados como alguns dos vértices mais importantes desta conjuntura e dinâmica mundial. É seguramente proveitoso realçar que os contemporâneos “estratagemas” de comércio estão bastante vigilantes e concentrados nesta “doutrina”, que está fortemente atracada ao dinamismo e jurisdição das marcas, e aos paradigmas de dispêndio pré-estabelecidos. Neste contexto, a função dos meios de comunicação social também assume um lugar no palanque, na medida em que os mesmos se assenhoreiam do nosso dia-a-dia, num ludo de sinais, insinuações, particularidades, significações e atributos, com conteúdos e definições pré-concebidas.
Nos anteriores parágrafos acabei por soprar nas primeiras areias da “praia” dos fast food, uma vez que os mesmos constituem um segmento do sector alimentício no qual se edificaram, através da estandardização dos paladares alimentares, modernos modelos de consumo com apetites e sabores universais. Num mundo em que a único “episódio” certo é a mudança, a “comida de plástico” adquiriu um inovado espaço na economia mundial, e, infelizmente, estatuiu o período da fabricação dos alimentos, a forma como estes serão consumidos e a própria cultura do consumo.
É curioso se pensarmos, por letargia ou por desconhecimento, que os Países melhor posicionados financeiramente reeditam e reimprimem fielmente as imposições e obrigações do capitalismo monopolista, procurando, através do consumo dos seus signos e “expoentes”, como é o caso dos fast food, a soberania, a altivez e o estatuto imprescindível à sua auto-asserção.